sexta-feira, 27 de maio de 2011

Enquanto depenicava

PenicoNa sabedoria popular dizia aquela senhora sentada na mesa do Baloicinho que olhava interessada para o LCD onde passavam os resumos da campanha:
- Olha, lá está o bonitão. Tão lindo, só é pena só querer tacho.
Dei por mim a pensar que a sabedoria do povo continua a ser o que era mas que lhe falta actualidade e por isso respondi:
Pote, minha senhora. O que ele quer é o pote, que o tacho anda com as asas bambas e o pote está de novo cheio.
LNT
[0.192/2011]

Abruptamente

Pacheco PereiraFazendo de conta que aquilo que Pacheco Pereira diz tem (nesta altura) alguma importância, dou-lhe razão quando reconhece "falta de solidez" (termo meu) a Passos Coelho.

Na verdade assistir a um líder partidário que na recta final de uma campanha política dirigida só para as suas clientelas (o homem não consegue um voto dos povos de esquerda...) perde energias em guerrilhas pessoais e de vendetta em vez de se concentrar naquilo que interessa ao País, demonstra bem ao que estaremos sujeitos caso venha a ser Primeiro-Ministro.

JPP, como se sabe, não é homem para se ficar. Reconheço-lhe argúcia e sabedoria suficiente para 10 Passos Coelho, assim como lhe reconheço frontalidade e coerência (ainda me lembro da sua recusa para ocupar o cargo na UNESCO). Estou à-vontade porque poucas vezes concordei com ele e a maior parte delas não me limito a ser indiferente, por discordar frontalmente não só do que ele diz mas também dos métodos que usa.

Considero que Passos Coelho tinha todas as razões para não o ter proposto nas listas de deputados uma vez que JPP, para além de lhe ter sido sempre hostil, nunca foi acrescento de valor para o PSD (o seu Spin com Ferreira Leite foi definitivo para chegar a esta conclusão). No entanto, envolver-se em tricas deste tipo a uma semana das eleições, deixa ficar pistas importantes para comportamentos futuros.
LNT
[0.191/2011]

Já fui feliz aqui [ CMIX ]

Visão
Com Visão - há uns anos - Portugal
LNT
[0.190/2011]

quinta-feira, 26 de maio de 2011

O cerejeiro de fraque

GinjasA apanha da cereja vai de vento em po(l)pa.

Depois da publicidade do Pingo Doce aos trabalhadores mais simpáticos, limpinhos e afinados da Europa, faltava-nos a imagem do agricultor de gravata, a chegar no seu topo de gama à herdade onde os patrões o aguardam babados para, quase ao colo, o levarem aos degraus que dão para o ramo onde seis ou sete imaculadas cerejas anseiam ser colhidas antes que os rouxinóis as depeniquem.

Podemos ser os pelintras da extrema da União, mas somos gente distinta onde o povo rural é bonito, asseado e perfumado. Um povo trabalhador e educado a colher os frutos da terra com parcimónia, de camisa alba e gravata de seda, embora arregace as mangas para fazer a lavoura. Um povo primário onde o suor do rosto dos patrões se mistura com a galhofa do assalariado ao ver o galho de cerejas que lhe está destinado colher. Um povo bem tratado. Um povo incentivado a comer, empoleirado, grande parte daquilo que colhe, mesmo que se atrapalhe no momento de cuspir o caroço.
LNT
[0.189/2011]

Avisem o Coelho

MaizenaO pote já tem massaroca. A rapaziada do éfe é é éfe já mandou depositar umas lécas (mais pentelho, menos pentelho) embora digam que se destinam a pagar umas dívidas antigas. Não sei se ainda contraídas pelo nosso Cherne europeu ou se já da responsabilidade do Sócrates, sendo que para o caso tanto faz porque o Sócrates é que há-de ter a culpa.

De qualquer forma avisem o Coelho que o pote já está recheado e que, embora não esteja tão cheio como o outro que Cavaco fez o favor de esvaziar aqui há uns anitos, já é apetecível. O Pedro que deixe de andar às cerejas, que isso dá trabalho e agora já não precisa.

Avisem também o Paulo. Como ele diz que só adquiriu os submarinos porque na altura o pote estava bem compostinho, agora que anda de novo em pontas para ver se consegue cair no caldeirão, já lá tem uns trocados para fazer mais compras. Espera-se que desta vez compre um porta-aviões em segunda mão ao seu amigo americano. Se não tivermos aviões para o compor sempre podemos aproveitar as pistas para plantar uns sobreiros e para fomentar a lavoura. Um dois em um porque assim usamos o mar como o Senhor Presidente determina e ao mesmo tempo fomentamos a agricultura e, em último caso, até poderá substituir o Aeroporto de Alcochete e a nova travessia do Tejo.
LNT
[0.188/2011]

Já fui feliz aqui [ CMVIII ]

O Pote
O Pote - Av. João XXI - Lisboa - Portugal
LNT
[0.187/2011]

quarta-feira, 25 de maio de 2011

Mais lições de vida

Lagartixa de loiçaPaulo Portas sabe o que mais ninguém sabe. Imagino que sejam resquícios da ciência das sondagens que, em tempos memoráveis, faziam da defunta Moderna uma feroz concorrente da Católica.

Portas sabe que há resultados "estabilizados" que indicam que o PSD tem mais seis pontos do que o PS, o que faz supor que as sondagens publicadas todos os dias são mera manipulação. Portas sabe, mas não explica porque sabe, e o jornalista que lhe recolhe a opinião também não se preocupa em perguntar-lhe quais são os fundamentos que o levam a essa sapiência.

Portugal é cada vez mais isto mesmo. Um País cheio de gente que se presume de espessura sem nunca a demonstrar e outra que gosta de policiar sem que para tal tenha distintivo.

Como dizem os brasileiros: Quem nasceu para lagartixa nunca chegará a crocodilo.
LNT
[0.186/2011]

Já fui feliz aqui [ CMVII ]

Espalhanços
Espessura da neve - Alpes - França/Suiça
LNT
[0.185/2011]

terça-feira, 24 de maio de 2011

A Dona Branca global

Dollar, beijoOlhando para a Grécia há quem aponte o FMI como o causador da desgraça.

Não me parece que esta seja a realidade até porque o Fundo Monetário Internacional consegue ser mais generoso do que os outros parceiros europeus que, por concederem a parte maior dos apoios que se destinam a proteger os membros da União (e do Euro), deveriam ser menos usurários.

A questão reside no facto de não abrandar a pressão dos "mercados" sobre os países que lhes estão na mira com a intenção de que esses estados consigam dinheiro (como fizeram e continuam a fazer em Portugal), para poderem continuar a comprar outro dinheiro nesses "mercados" ao preço que eles próprios estabelecem.

Jorge Sampaio falou um pouco de tudo isto numa entrevista que deu na semana passada na SICn. Dizia Sampaio que lhe parece um erro entrar num banco para pedir um empréstimo e começar por insultar a instituição a que se está a recorrer. Acrescentava ainda que o erro seria maior se, na altura do pagamento, se voltasse ao banco e, para início de conversa, se desse um par de chapadas na entidade com quem se queria renegociar a dívida.

O que Sampaio não disse foi que o banco se financiou à custa de cada um dos seus clientes (pedido externo a pagar pelos contribuintes cuja parte reverteu directamente para si acrescida de outra parte que serve como garantia) e que depois, empresta esse financiamento ao cliente, que já o está a pagar, cobrando por ele mais um tanto.

Quem comprou o dinheiro vai ter de pagar duas vezes, como se por duas vezes já não bastasse ter de nascer.

São estes, os tais "mercados". Emprestam dinheiro com juros para que se lhes compre dinheiro com juros mais elevados. Um carrossel de finança que enriquece uns e torna os outros miseráveis e que só parará quando os especuladores forem obrigados a parar.
LNT
[0.184/2011]

Já fui feliz aqui [ CMVI ]

Pérolas a Porcos
Pérolas a Porcos (já não há) - Tavira (H. Albacora) - Algarve - Portugal
LNT
[0.183/2011]

segunda-feira, 23 de maio de 2011

E Espanha aqui tão perto

Caneca da UEDiria que o que se passou em Espanha este fim-de-semana foi um sinal claro.

Enquanto a esquerda coça o umbigo e lambe as feridas a direita domina. Dirão que o PSOE paga a crise e o desgaste de governar na crise (resultado de alguma má gestão, mas principalmente resultante de factores externos gerados pela especulação e pela ganância desregulada).

Dirão que os eleitores de esquerda estão desiludidos com uma esquerda que pratica o mínimo de esquerda no estertor da Europa social-democrata que foi o orgulho dos europeus e a sua marca civilizacional.

Dirão que a esquerda penaliza, deixando de votar, a esquerda que ainda tenta garantir alguma esquerda, preferindo as “maldades sabidas” da direita.

A direita agradece. Faz o que dela se espera, aproveita-se da desilusão da esquerda para transformar o seu mal menor em poder, como em Portugal fez com Cavaco, e prepara o caminho para americanizar o velho Continente.

Os últimos redutos vão caindo enquanto a esquerda acampa, acantona e chora.

O caldo vai entornar.
LNT
[0.182/2011]

sexta-feira, 20 de maio de 2011

O coelho e a raposa



LNT
[0.180/2011]

Voltando à caserna

Aluno Piloto LNTSou daqueles que ainda fez tropa, daquela que se fazia para matar ou morrer. Não tropa macaca de feijão-verde, antes da outra que deixava escapar uma ou outra napalm proibida e que também servia para evacuar companheiros de bandeira, alguns em muito mau estado.

Não cheguei a fazer nada disso. Fiquei-me pela formação porque o meu curso de pilotos aviadores milicianos foi o último a ser iniciado em tempo de guerra e o primeiro a acabar a recruta com a previsão das tréguas.

Quer isto dizer que aprendi o que de bom se podia aprender com o serviço militar e safei-me de ter de matar ou morrer, apanhei pelo meio a revolução e só não fui um militar de Abril, embora nesse Abril fosse militar, porque a incorporação foi em Janeiro.

Na recruta aprendi a fazer a minha cama. Fiquei a saber que se a não fizesse bem feita iria dormir mal. Durante as inspecções só tive de a refazer uma vez.

Aluno Piloto LNTNo curso básico de pilotagem, na Granja do Marquês, aprendi a aterrar. Aquilo tinha os procedimentos para cumprir e tinha a alma que se queria manter junto ao corpinho laroca dos vinte anos. Rapidamente aprendi a fazer o palier que consistia em jogar com a sustentação da máquina que pilotava, numa combinação bem conseguida de velocidade, flaps e de gás necessário para que as rodas tocassem o chão sem partir o trem nem projectar a passarola para saltos tontos na pista.

Depois aprendi muitas outras coisas. Desde fazer pontaria, a disparar, desde ajudar um camarada de armas, a praxar.

Fazer tropa era uma merda (a caserna tem a sua linguagem própria) mas era uma escola que nos dava lições de vida começando pela que nos fazia diferenciar um oficial de um sargento e acabando pela que nos fazia distinguir um oficial confiável de um filho-da-puta.

Não sei o que me deu para escrever este post, mas gostei de o ter escrito.
LNT
[0.179/2011]

Já fui feliz aqui [ CMIV ]

Sumo de laranja
Sumo de laranja - A ser bebido por aqui e por ali - Portugal
LNT
[0.178/2011]