quinta-feira, 30 de maio de 2013

As sandálias do governador

SapatosSe Juan Carlos tivesse ouvido hoje o governador do Banco de Portugal ter-lhe-ia, certamente, perguntado: "por qué no te callas?"

E teria tido razão para o questionar porque a barriga cheia e os sapatinhos engraxados de um homem que ocupa um lugar público não lhe dão o direito de evocar as sapatarias da Rua Augusta para explicar que elas não existem para calçar todos os descalços, mas sim para cederem o calçado a quem tem dinheiro para o comprar.

É este o verdadeiro estado da nação.

O Governador do Banco de Portugal entende que só se calça quem pode, ficando subentendido que também só comerá quem pode e que a obediência é para quem deve.

É o espírito desta gente que se anichou na manjedoura do Orçamento (ou abancou no pote, como diria Passos Coelho) e faz chalaça com quem põe a palha na manjedoura para que eles se banqueteiem enquanto troçam dos que os sustentam.

A teoria é velha. Já o Botas a usava até ao dia em que escorregou na banheira e descobriu que, calçados ou não, a todos espera marchar com os pés para a frente.

Estes selvagens só conhecem a lei da selva.
LNT
[0.141/2013]

Já fui feliz aqui [ MCCLXXVI ]

Murtosa
Murtosa - Aveiro - Portugal
LNT
[0.140/2013]

quarta-feira, 29 de maio de 2013

Gatilho

Canos de armaMais claro não poderia ser o Ministro das Finanças na comissão, esta manhã.

Aquilo que Gaspar e Álvaro anunciaram na passada semana foi um gatilho. Pena que não explicasse melhor, para que melhor se entendesse, que a arma disparada continha um cartucho sem bala e de pólvora seca.

Ainda assim, um tiro é um tiro, mesmo que seja só de fulminante e a lentidão da narrativa foi-nos útil por permitir acompanhar a velocidade do disparo do seu pensamento e ainda os artifícios cadentes contidos na linguagem de trapos com que disfarça.

Quanto ao alvo estamos esclarecidos. Sempre os mesmos e sempre mais do mesmo na senda deste túnel em que nos meteram e a quem teimam acrescentar, em cada réstia de esperança, mais um segmento de túnel no lugar onde devia haver uma luz, por muito baça que fosse.
LNT
[0.139/2013]

Já fui feliz aqui [ MCCLXXV ]

Jacarandá
Jacarandá - Lisboa - Potugal
LNT
[0.138/2013]

terça-feira, 28 de maio de 2013

Gasparalhices

Cão Coelho
O que será que leva um homem que não tem qualquer pejo em ser deselegante com a humanidade existente em cada ser humano a quem tira a dignidade quando decreta que a sua felicidade reside no empobrecimento, a exigir elegância a quem questiona outros sobre as matérias que, quando lhe são questionadas, recebem em troca uma falsidade, uma meia-verdade, um erro de cálculo, ou um linguajar economicês incompreensível e desajustado da realidade?
LNT
[0.137/2013]

28 de Maio

ColaboradoraHaveria alguma possibilidade de hoje se repetir um golpe de estado que nos levasse a um regime autoritário? Teoricamente não, dado que embora estejam reunidas as condições de descrédito do regime actual que incluem o descrédito dos próprios órgãos de soberania (Tribunais, Governo, Assembleia da República e Presidente da República), não está reunido o consenso nacional para que a solução dos nossos problemas passe pelo fim da liberdade e pela suspensão da democracia.

A nossa integração na Europa e na zona euro (interessante verificar que cada vez mais aparecem vozes a pedir que se repense essa integração), a nossa instrução (interessante verificar que se queira limitar o acesso generalizado à instrução) e a nossa percepção de sermos “gentes do mundo” (interessante verificar que cada vez mais se incentiva a que as “gentes do mundo” abandonem as fronteiras nacionais) dificilmente permitiriam que nos fechássemos no rectângulo de forma albanesa.

Talvez só a questão da independência e do orgulho nacional pudessem servir de mola, mas o orgulho anda pelas ruas da amargura e a independência nacional já não é coisa geográfica.

Não duvido que em breve se irá exigir a alteração de muito.

As instituições terão de voltar a ser credíveis, os tribunais terão de voltar a ser justos (a celeridade e o fim da impunidade são medidas essenciais para essa nova justiça), a política e os políticos terão de voltar a revelar-se fiáveis e o Estado terá de voltar a ser pessoa de bem e de direito. O confisco terá de terminar.

Isto terá de se conseguir pela sociedade até porque já nem existem corpos militares para fazer revoluções, nem tão pouco armamentos capazes de submeter os cidadãos por muito tempo.
LNT
[0.136/2013]

Já fui feliz aqui [ MCCLXXIV ]

Caranguejo
Caranguejo - Ocaporã - Brasil
LNT
[0.135/2013]

segunda-feira, 27 de maio de 2013

O inverso

MagritteAté poderá ser possível que se tenha de despedir.

Reorganizar, reestruturar e reformar estruturas pode provocar a necessidade de excluir pessoas (embora haja que demonstrar que elas não são necessárias ao objecto reformado).

Isto é o inverso de manter estruturas inoperacionais como lixo improdutivo e obsoleto despedindo só com o pretexto de excluir pessoas. Todos sabemos que manter um carro velho parado numa garagem não evita que ele tenha custos de seguro e de circulação, embora não constitua qualquer risco a ser segurado, nem circule. É a teoria das armas químicas que abatem seres vivos sem provocar a destruição das matérias inertes.

Por isso identificar como reforma da Administração uma catrefada de despedimentos que só decorrem do ódio ideológico e que nada de vantajoso trazem para os restantes cidadãos é muito mais do que um mau serviço público e revela-se um crime de lesa-pátria. Se esse crime for praticado para benefício de entidade externa assume ainda o cariz de traição. Se acabar por reverter em vantagem do prevaricador é considerado como corrupção.
LNT
[0.134/2013]

Da realidade

cintoAcabadas as distrações depois do Benfica ter perdido tudo o que tinha para ganhar e caído no esquecimento o magno problema de saber se é crime chamar palhaço a alguém que não tem graça alguma, esbarramos com a realidade de termos de satisfazer a ideologia de alguns, poucos, com o sacrifício abnegado de quase todos.

As últimas medidas de austeridade decretadas por Coelho e Portas estão em condições de subirem a plenário escudadas na falsa imposição dos nossos credores e suportadas por uma coligação que não existe e por um Chefe de Estado eleito pela abstenção.

O orçamento rectificativo que vai ser apresentado para contornar a ilegalidade comprovada contida no OE de 2013, e reforçado com a penalização revanchista sobre os cidadãos-contribuintes por terem ousado levantar a questão da ilegalidade, irá ser aprovado por uma maioria que joga na brincadeira do gato e do rato com o intuito de enganar uma vez mais todos aqueles que insistem em pensar que "eles são todos iguais" e que a alternativa à política de empobrecimento não passa de uma mudança de protagonistas para que se continue a empobrecer.

Vamos a isto, não é Gaspar? Vamos mostrar a estas gentes que é da vida que uns sejam sempre mais iguais do que a maioria dos outros.

Não quisemos um justo e alegre Portugal, ficámos com aquilo que a indiferença de uns e a mentira de outros promoveu.
LNT
[0.133/2013]

sexta-feira, 24 de maio de 2013

Já fui feliz aqui [ MCCLXXIII ]

Sapatos de palhaço
Sapatos (cada um calça aqueles que lhe servem) - Portugal
LNT
[0.132/2013]

Poder-se-á chamar palhaço a um presidente da República?

Nariz vermelho
Poder, pode, mas não se deve.

Pode-se porque a liberdade de expressão faz parte do canhenho (art.º 37) que o Presidente teve de jurar para ser Presidente.

Não se deve, porque o código penal diz que a ofensa à honra do PR constitui crime.

Competirá aos tribunais decidir se apelidar um Presidente da República de palhaço é uma ofensa à sua honra.

Esta barbearia já solicitou um esclarecimento ao Sindicato dos Palhaços Portugueses para apurar se também ele se sente ofendido com a expressão de Sousa Tavares e se lhe pretende mover um processo mas ainda não conseguiu, até ao momento, qualquer resposta.
LNT
[0.131/2013]

10º Congresso Internacional para a Saúde dos Adolescentes

Congresso

Tito de Morais é, como é sabido, o fundador do projecto miúdos seguros na Net.

Com este projecto transformou a sua vida normal numa correria, principalmente para escolas, com o intuito de garantir informação que tem levado milhares de pais e educadores a manterem os seus rebentos e educandos em segurança.

Deixo aqui o eco do apelo para que ele possa participar como orador no simpósio sobre o tema Wired and wireless: Potentials and Perils for Digital Adolescentes no 10º Congresso Internacional para a Saúde dos Adolescentes, a ter lugar já em Junho em Istanbul, Turquia.

É fácil levar lá o Tito e a experiência portuguesa sobre o assunto, numa altura em que é impossível o apoio institucional (pretende-se conseguir 2.400 Euros):
1. Através da divulgação deste apelo nos Blogs e Redes Sociais;
2. Através do patrocínio de operadores turísticos, agências de viagens, etc., para ajuda nas viagens e estadia;
3. Através de outros patrocínios empresariais (Vamos lá SAPO!)
4. Através de um donativo individual (5/10 Euros) feito por transferência Multibanco para o NIB 0010 0000 24188450001 30
Mais informação no FaceBook
LNT
[0.130/2013]

quinta-feira, 23 de maio de 2013

Georges Moustaki (Giuseppe Mustacchi)


LNT
[0.129/2013]

Contra os tabus, marchar, marchar

rebanhoA encenação circense do comunicado final do Conselho de Estado acabou por revelar mais um dos traços autoritários e de desrespeito que Cavaco tem pelos portugueses e pelos membros institucionais de um órgão que a Constituição (que Cavaco jurou cumprir e fazer cumprir) impõe.

Reconheço ser suspeito na defesa de Jorge Sampaio devido à amizade e camaradagem que já me levaram a consigo partilhar muitos momentos políticos nos últimos quase quarenta anos, mas essa suspeita não evitará que deixe testemunhado o seu perfil frontal e íntegro, o que o impede de dar cobertura aos joguinhos provincianos e tacanhos de Cavaco Silva.

Ao ler o título do I percebo bem a revolta de Sampaio e entendo que não lhe seja possível deixar passar impune um comunicado castrador feito pelo presidente da República em relação às matérias que foram abordadas no último Conselho de Estado. Note-se que Sampaio não quebra o sigilo a que está obrigado, antes se limita a insurgir-se com a falta de verdade contida nas omissões de Cavaco.

O protesto "com fúria" de Sampaio referido no I é próprio da verticalidade de um homem bom e de bem que não se deixa submeter.

Fico-lhe mais uma vez agradecido pela sua recusa de aceitar como inevitável a ideologia do pensamento único e da prepotência reinante no poder instituído.
LNT
[0.128/2013]

Já fui feliz aqui [ MCCLXXII ]

São Sebastião da Pedreira
Igreja de São Sebastião da Pedreira - Lisboa - Portugal
LNT
[0.127/2013]