quinta-feira, 26 de maio de 2011

O cerejeiro de fraque

GinjasA apanha da cereja vai de vento em po(l)pa.

Depois da publicidade do Pingo Doce aos trabalhadores mais simpáticos, limpinhos e afinados da Europa, faltava-nos a imagem do agricultor de gravata, a chegar no seu topo de gama à herdade onde os patrões o aguardam babados para, quase ao colo, o levarem aos degraus que dão para o ramo onde seis ou sete imaculadas cerejas anseiam ser colhidas antes que os rouxinóis as depeniquem.

Podemos ser os pelintras da extrema da União, mas somos gente distinta onde o povo rural é bonito, asseado e perfumado. Um povo trabalhador e educado a colher os frutos da terra com parcimónia, de camisa alba e gravata de seda, embora arregace as mangas para fazer a lavoura. Um povo primário onde o suor do rosto dos patrões se mistura com a galhofa do assalariado ao ver o galho de cerejas que lhe está destinado colher. Um povo bem tratado. Um povo incentivado a comer, empoleirado, grande parte daquilo que colhe, mesmo que se atrapalhe no momento de cuspir o caroço.
LNT
[0.189/2011]

Avisem o Coelho

MaizenaO pote já tem massaroca. A rapaziada do éfe é é éfe já mandou depositar umas lécas (mais pentelho, menos pentelho) embora digam que se destinam a pagar umas dívidas antigas. Não sei se ainda contraídas pelo nosso Cherne europeu ou se já da responsabilidade do Sócrates, sendo que para o caso tanto faz porque o Sócrates é que há-de ter a culpa.

De qualquer forma avisem o Coelho que o pote já está recheado e que, embora não esteja tão cheio como o outro que Cavaco fez o favor de esvaziar aqui há uns anitos, já é apetecível. O Pedro que deixe de andar às cerejas, que isso dá trabalho e agora já não precisa.

Avisem também o Paulo. Como ele diz que só adquiriu os submarinos porque na altura o pote estava bem compostinho, agora que anda de novo em pontas para ver se consegue cair no caldeirão, já lá tem uns trocados para fazer mais compras. Espera-se que desta vez compre um porta-aviões em segunda mão ao seu amigo americano. Se não tivermos aviões para o compor sempre podemos aproveitar as pistas para plantar uns sobreiros e para fomentar a lavoura. Um dois em um porque assim usamos o mar como o Senhor Presidente determina e ao mesmo tempo fomentamos a agricultura e, em último caso, até poderá substituir o Aeroporto de Alcochete e a nova travessia do Tejo.
LNT
[0.188/2011]

Já fui feliz aqui [ CMVIII ]

O Pote
O Pote - Av. João XXI - Lisboa - Portugal
LNT
[0.187/2011]

quarta-feira, 25 de maio de 2011

Mais lições de vida

Lagartixa de loiçaPaulo Portas sabe o que mais ninguém sabe. Imagino que sejam resquícios da ciência das sondagens que, em tempos memoráveis, faziam da defunta Moderna uma feroz concorrente da Católica.

Portas sabe que há resultados "estabilizados" que indicam que o PSD tem mais seis pontos do que o PS, o que faz supor que as sondagens publicadas todos os dias são mera manipulação. Portas sabe, mas não explica porque sabe, e o jornalista que lhe recolhe a opinião também não se preocupa em perguntar-lhe quais são os fundamentos que o levam a essa sapiência.

Portugal é cada vez mais isto mesmo. Um País cheio de gente que se presume de espessura sem nunca a demonstrar e outra que gosta de policiar sem que para tal tenha distintivo.

Como dizem os brasileiros: Quem nasceu para lagartixa nunca chegará a crocodilo.
LNT
[0.186/2011]

Já fui feliz aqui [ CMVII ]

Espalhanços
Espessura da neve - Alpes - França/Suiça
LNT
[0.185/2011]

terça-feira, 24 de maio de 2011

A Dona Branca global

Dollar, beijoOlhando para a Grécia há quem aponte o FMI como o causador da desgraça.

Não me parece que esta seja a realidade até porque o Fundo Monetário Internacional consegue ser mais generoso do que os outros parceiros europeus que, por concederem a parte maior dos apoios que se destinam a proteger os membros da União (e do Euro), deveriam ser menos usurários.

A questão reside no facto de não abrandar a pressão dos "mercados" sobre os países que lhes estão na mira com a intenção de que esses estados consigam dinheiro (como fizeram e continuam a fazer em Portugal), para poderem continuar a comprar outro dinheiro nesses "mercados" ao preço que eles próprios estabelecem.

Jorge Sampaio falou um pouco de tudo isto numa entrevista que deu na semana passada na SICn. Dizia Sampaio que lhe parece um erro entrar num banco para pedir um empréstimo e começar por insultar a instituição a que se está a recorrer. Acrescentava ainda que o erro seria maior se, na altura do pagamento, se voltasse ao banco e, para início de conversa, se desse um par de chapadas na entidade com quem se queria renegociar a dívida.

O que Sampaio não disse foi que o banco se financiou à custa de cada um dos seus clientes (pedido externo a pagar pelos contribuintes cuja parte reverteu directamente para si acrescida de outra parte que serve como garantia) e que depois, empresta esse financiamento ao cliente, que já o está a pagar, cobrando por ele mais um tanto.

Quem comprou o dinheiro vai ter de pagar duas vezes, como se por duas vezes já não bastasse ter de nascer.

São estes, os tais "mercados". Emprestam dinheiro com juros para que se lhes compre dinheiro com juros mais elevados. Um carrossel de finança que enriquece uns e torna os outros miseráveis e que só parará quando os especuladores forem obrigados a parar.
LNT
[0.184/2011]

Já fui feliz aqui [ CMVI ]

Pérolas a Porcos
Pérolas a Porcos (já não há) - Tavira (H. Albacora) - Algarve - Portugal
LNT
[0.183/2011]

segunda-feira, 23 de maio de 2011

E Espanha aqui tão perto

Caneca da UEDiria que o que se passou em Espanha este fim-de-semana foi um sinal claro.

Enquanto a esquerda coça o umbigo e lambe as feridas a direita domina. Dirão que o PSOE paga a crise e o desgaste de governar na crise (resultado de alguma má gestão, mas principalmente resultante de factores externos gerados pela especulação e pela ganância desregulada).

Dirão que os eleitores de esquerda estão desiludidos com uma esquerda que pratica o mínimo de esquerda no estertor da Europa social-democrata que foi o orgulho dos europeus e a sua marca civilizacional.

Dirão que a esquerda penaliza, deixando de votar, a esquerda que ainda tenta garantir alguma esquerda, preferindo as “maldades sabidas” da direita.

A direita agradece. Faz o que dela se espera, aproveita-se da desilusão da esquerda para transformar o seu mal menor em poder, como em Portugal fez com Cavaco, e prepara o caminho para americanizar o velho Continente.

Os últimos redutos vão caindo enquanto a esquerda acampa, acantona e chora.

O caldo vai entornar.
LNT
[0.182/2011]

sexta-feira, 20 de maio de 2011

O coelho e a raposa



LNT
[0.180/2011]

Voltando à caserna

Aluno Piloto LNTSou daqueles que ainda fez tropa, daquela que se fazia para matar ou morrer. Não tropa macaca de feijão-verde, antes da outra que deixava escapar uma ou outra napalm proibida e que também servia para evacuar companheiros de bandeira, alguns em muito mau estado.

Não cheguei a fazer nada disso. Fiquei-me pela formação porque o meu curso de pilotos aviadores milicianos foi o último a ser iniciado em tempo de guerra e o primeiro a acabar a recruta com a previsão das tréguas.

Quer isto dizer que aprendi o que de bom se podia aprender com o serviço militar e safei-me de ter de matar ou morrer, apanhei pelo meio a revolução e só não fui um militar de Abril, embora nesse Abril fosse militar, porque a incorporação foi em Janeiro.

Na recruta aprendi a fazer a minha cama. Fiquei a saber que se a não fizesse bem feita iria dormir mal. Durante as inspecções só tive de a refazer uma vez.

Aluno Piloto LNTNo curso básico de pilotagem, na Granja do Marquês, aprendi a aterrar. Aquilo tinha os procedimentos para cumprir e tinha a alma que se queria manter junto ao corpinho laroca dos vinte anos. Rapidamente aprendi a fazer o palier que consistia em jogar com a sustentação da máquina que pilotava, numa combinação bem conseguida de velocidade, flaps e de gás necessário para que as rodas tocassem o chão sem partir o trem nem projectar a passarola para saltos tontos na pista.

Depois aprendi muitas outras coisas. Desde fazer pontaria, a disparar, desde ajudar um camarada de armas, a praxar.

Fazer tropa era uma merda (a caserna tem a sua linguagem própria) mas era uma escola que nos dava lições de vida começando pela que nos fazia diferenciar um oficial de um sargento e acabando pela que nos fazia distinguir um oficial confiável de um filho-da-puta.

Não sei o que me deu para escrever este post, mas gostei de o ter escrito.
LNT
[0.179/2011]

Já fui feliz aqui [ CMIV ]

Sumo de laranja
Sumo de laranja - A ser bebido por aqui e por ali - Portugal
LNT
[0.178/2011]

quinta-feira, 19 de maio de 2011

España: No pasa nada


LNT
[0.177/2011]

O toca–e-foge

Olho de loboTantas vezes diz Pedro – vem lá o lobo – que, no dia em que o canídeo lhe comer as ovelhas, ninguém prestará atenção.

Andava ainda Deus a planear a vinda de um dos membros da Santíssima Trindade para daí a quatrocentos anos e já Esopo avisava.

Passos Coelho é como o pastor mas, nos tempos modernos, arrisca-se a ser comido com o rebanho que apascenta.

Pedro usa a técnica do toca-e-foge que consiste em mandar avisos do que pretende fazer para que, no futuro, possa dizer que já tinha avisado. Como sabe que o lhe vai na cabeça só receberá votos se os portugueses já estiverem ao nível do masoquismo puro, apressa-se a desdizer, a interpretar e a contrariar tudo aquilo que acabou de afirmar. A sua antecessora também era assim mas tinha interpretadores encartados para suavizar os propósitos, coisa que Coelho não consegue, uma vez que Relvas – essa espécie de caterpillar do PSD – ainda é mais radical do que ele próprio e o homem que telepaticamente fez o acordo troiko enquanto aguardava na São Caetano que lhe ligassem, foi largar bojardas para Copacabana.

O toca–e-foge de Pedro, cansa, descredibiliza e banaliza. E, mesmo sabendo que o lobo lhe ronda o rebanho, o seu grito de alerta é tão repetido e já tantas vezes fez pegar em armas para enfrentar o falso alarme que cada vez alerta menos.

Nota para melhor esclarecimento:
O lobo a que me refiro não tem cerdas russas na cabeça. Esse, aliás, não é um lobo mas sim uma raposa.
Refiro-me ao outro, ao lobo-do-mar da lavoura, o da dentadura branca, habituado aos periscópios.

Na forja:
A fábula da raposa e do lobo. Em breve disponível no quiosque de São Bento.

LNT
[0.176/2011]

Já fui feliz aqui [ CMIII ]

Chave - Rui Herbon
A Chave - Rui Herbon - Portugal
LNT
[0.175/2011]

quarta-feira, 18 de maio de 2011

Em loja de porcelanas

ElefanteSem novidades a não ser as de lana-caprina, o País aguarda com emoção que o Futebol Clube do Porto seja derrotado logo à noite, aguarda sem emoção que Sócrates use a chave Double Nelson quando na sexta-feira for ao tapete com Passos Coelho e espera pacientemente que chegue o dia cinco para ficar a saber como é que o Presidente da República vai descalçar a bota onde meteu os pés.

Enquanto aguarda todas estas coisas e continua sem conseguir ter acesso português ao acordo assinado em inglês pela rapaziada que veio cá fazer a exumação dos cadáveres dos armários, reza para que São Pedro deixe de nos granizar com calhaus de gelo e para que Merkel entenda que os portugueses que trabalham (cada vez menos segundo nos informa o INE) tenham direito ao sossego sem terem de morrer primeiro e para que ela faça exigências de igualdade das condições de trabalho em toda a Europa mas começando pelo valor das remunerações.

A coisa está quase. Pedro não formará Governo se não for o primeiro e não formará governo com o segundo. José formará Governo com qualquer um desde que seja o primeiro. Paulo formará governo desde que o chamem sem querer saber se é o primeiro, o segundo ou o terceiro. Jerónimo e Francisco não formarão governo, nem que venham a ser os primeiros. Fernando não será Presidente da Assembleia da República porque o José, o Francisco e o Jerónimo não o hão-de deixar. Aníbal continuará a passear elefantes pela loja dos chineses que substituiu a da Vista Alegre.

Entretanto tudo se há-de compor porque não há açaimes suficientes para tanto focinho faminto.
LNT
[0.174/2011]

Já fui feliz aqui [ CMII ]

Portugal e o Futuro
Portugal e o Futuro - António de Spínola - Portugal
LNT
[0.173/2011]

terça-feira, 17 de maio de 2011

Debate

Mira Técnica
s. m.
1. Discussão em que os discutidores procuram trazer os assistentes à sua opinião.
(Priberam)
Os nossos comentadores televisivos institucionais exercitam em cada debate, habituados à refrega futebolista, a retórica da vitória do A sobre o B fazendo crer que só interessa saber quem marcou mais golos no entretém da lengalenga.

É ouvi-los, como aos treinadores de bancada na "bola", a acotovelarem-se para mostrarem o que só eles viram. A diferença reside no facto das régies não os confrontarem com a câmara lenta dos lances, o que lhes dá descanso para a charlatanice.

Confesso preferir o espectáculo do debate ao das telenovelas em que as empregadas de quarto ganham glória e fortuna ao armadilhar um poderoso excitado aproveitando-se para o transformar, a partir da virilidade e da cabeça maluca, num bandido enfiado numa camisa de onze varas.

Dito isto passo a apelidar de frente-a-frente o debate inútil entre Jerónimo e José.

Um frente-a-frente onde Jerónimo reafirmou acreditar que nascem nos cofres do Estado notas bastantes para realizarem a utopia e onde nunca se perguntou a José qual é o destino a dar aos setenta e oito mil milhões agora pedinchados.

Escapa-lhes a todos, contendores, entrevistadores e opinantes que, para além dos seus círculos de vizinhos e amigos estão também a observá-los pessoas aflitas que vivem no mundo real e que precisam de saber, para poder escolher, quem lhes assegura que as suas aflições terão fim. Isso não passa nem pelos demagogos que tudo prometem sem terem meios de concretizar o que prometem, nem sobre os outros que chamam "atitudes de coragem" aquelas que decretam mais aflição para a aflição sem que com isso demonstrem uma vida melhor no futuro.
LNT
[0.172/2011]

Já fui feliz aqui [ CMI ]

Pista Portela
Portela - Lisboa - Portugal
LNT
[0.171/2011]

segunda-feira, 16 de maio de 2011

The last waltz of Strauss

BoteroPela boca morre o peixe.

Desde o caso da nódoa no vestido de Lewinsky que os Estados-Unidos não perdoam os ímpetos dos poderosos que ensaiam (ou realizam) a submissão. Mesmo o FMI, habituado a pôr Países de joelhos, não está acima da lei quando se aventura a fazê-lo aos cidadãos em privado.

Assim se resume o último fait-divers que pôs o Mundo a falar de coisas realmente importantes, em vez de se perder com pentelhos.

É bem possível que a França, terra onde as cabeças que mandam não estão acima dos ombros, tenha acabado de perder um bom rival contra a dupla Nicolas/Bruna.

Consta que em Nova Iorque foi dançada a última valsa de Strauss.

Chamasse-se ele Gardel e tudo lhe seria perdoado.
LNT
[0.170/2011]

Já fui feliz aqui [ CM ]

Jacarandá
Jacarandá - Lisboa - Portugal
LNT
[0.169/2011]

sexta-feira, 13 de maio de 2011

Avaria no Blogger

Colaboradora golfistaA plataforma Blogger esteve inacessível desde ontem.

Perderam-se os Post e comentários que nesse tempo foram publicados, não me sendo possível repô-los.

No entanto é possível repor a imagem da colaboradora que ilustrava o Post onde se falava dos pintelhos (espécie de pitassilgo) e dos pentelhos (aquilo que V. Exªs sabem o que é) e que Catroga pôs na boca do mundo.

Fica a menina sem o texto que a acompanhava e que tinha sido feito de repelão.

É da vida, como diria o meu amigo Guterres.
Adelante (que se faz tarde)
LNT
[0.168/2011]

quinta-feira, 12 de maio de 2011

Puffinus obscurus

Colaboradora golfistaLá está aquilo a que Catroga se referia, na página 689 do Grande Dicionário da Língua Portuguesa, de Cândido Figueiredo.

Uma espécie de pintassilgo, é o que valem as matérias que os líderes deste extremo da Europa se entretêm a discutir em campanha eleitoral.

Um pintassilgo, nem podia ser outra coisa, porque ao Senhor Professor Doutor Economista lhe está vedado ter na boca outro sentido.

Enquanto descemos todos os degraus – os que sabíamos existirem e aqueles que nunca nos tinham passado pela cabeça existirem mais abaixo – Catroga emerge o discurso de um mar de vulgaridade e de pintelho, certamente a imaginar-se no Verão, já na Coelha a virar frangos com os seus vizinhos, num quadro bucólico em que a sua contemplação do pôr-do-sol, que por aquelas bandas mergulha em terra, o leva no mais fino recorte literário a evocar um bando de pintassilgos que, depois de uma jorna fecunda a debicar aqui e ali à procura da minhoca, retorna ao arvoredo que farfalha pelo sopro da brisa que o faz renascer (ou nascer duas vezes, como queiram).

Puffinus obscurus, um pintelho, um pintassilgo. Decididamente Catroga não é um chato.
LNT
[0.167/2011]

Já fui feliz aqui [ DCCCXCIX ]

Maçarico
Maçarico de Bico Direito - Estuário do Tejo (Alcochete) - Portugal
LNT
[0.166/2011]

quarta-feira, 11 de maio de 2011

Parvoíces

Adega dos GarrafõesDaquilo que se vai sabendo, sabendo também que muito daquilo que se sabe são “bocas” para ver se pega, o empréstimo em tranches que aí vem é composto por, aproximadamente, um terço de dinheiro do FMI e o restante dos nossos amigos europeus. O FMI empresta os carcanhóis a juro razoável, os nossos amigos fazem negócio chorudo com o graveto que regateiam. O FMI gostaria de nos ver a produzir cereais, os nossos amigos gostariam que nós lhos continuássemos a comprar. O FMI gostaria de nos ver a apanhar peixe, os nossos amigos gostariam que apanhássemos o plástico do mar. O FMI gostaria de se ver livre de nós, os nossos amigos querem-nos sugar o tutano.

Dos 78 mil milhões, 12 mil milhões vão para os sistémicos e mais 35 mil milhões são para garantias (números redondos, porque para o comum dos mortais, mil milhões têm significado nulo por impossibilidade de imaginar o que representam). Mais uns quantos mil milhões são para pagar os juros do empréstimo. Os cidadãos pagam tributo feudal (ponto final). Entretanto continuam a chegar cartas com aumento dos plafonds de crédito ao consumo e ofertas de aquisição, em prestações, dos mais diversos néctares e prazeres.

No dia 5 vamos votar. Votar nos políticos, claro, porque os verdadeiros decisores não vão nessa cantiga.

Não é uma geração parva, mas o País inteiro.
LNT
[0.165/2011]

Já fui feliz aqui [ DCCCXCVIII ]

Caipiroska
Caipiroska - Por aí, quando o calor aperta
LNT
[0.164/2011]

terça-feira, 10 de maio de 2011

O candidato e o deputado

Portas no banhoGostei de ver Paulo Portas na televisão. Cortou o cabelo, o que lhe dá um ar mais jovem e lhe realça a alva dentadura.

Já de dona Judite não gostei tanto. Sei que os seus adversários não lhe deram grande espaço para apresentar o programa de Governo, o que lhe prejudicou o desempenho, mas ainda assim poderia ter sido mais convincente quando esclareceu ao moderador que se o CDS ainda não apresentou o seu programa foi porque ainda não chegou o dia em que o vai fazer e quando fez emergir os submarinos de Portas para que ele explicasse que aquilo foi coisa de nada e que só pesa uma grama do descalabro que nos trouxe o triunvirato (palavra portuguesa para troika, segundo, um, explicou e, dois, disse).

Dona Judite terá hoje novo debate, desta vez com Jerónimo. O moderador será Coelho dos Passos.

Nota: Gostei de ver Sócrates a tratar Portas por deputado e Portas a tratar Sócrates por candidato. Só isto já é um programa. Explica o que cada um deles pensa sobre o que o outro poderá vir a ser.
LNT
[0.163/2011]

Já fui feliz aqui [ DCCCXCVII ]

Coyote
Wile E. Coyote - Warner Bros - USA
LNT
[0.162/2011]

segunda-feira, 9 de maio de 2011

Portugalnomics v. Finlandnomics

pés e mãosSacando do patrioteirismo em forma de YouTube atirou-se para o país das loiras com uma compilação de factos que colocaram o Portugal dos feitos passados nos píncaros do orgulho de forma a manter a dignidade lusitana no patamar do "pobrezinhos mas asseados".
Desde o salazarento "orgulhosamente sós" que não nos apresentávamos à esmola com um escanhoado tão prefeito.

Do lado gélido de lá a coisa foi recebida como um sopro de calor que não chegou para derreter e, enquanto no rectângulo se enchia o peito e se exacerbavam os feitos do povo nas redes sociais e nas televisões, na terra das frígidas permanecia a indiferença sobre a tradição do chá na coroa britânica e sobre a informação de que a Via Verde não é o pasto de raças leiteiras autóctones.

Foi-lhes fácil ripostar com um vídeo a relatar outras tantas façanhas e patranhas de heroicidades contra o Zé dos Bigodes ou contra o Adolfo do triste bigodinho.

Na deles, fartos de frio e de mau tempo e de verem os sistemas sociais a encolherem, habituados às suas bolhas individuais e horrorizados com o meter-de-conversa, indiferentes às questões passionais que levam os latinos a amar e a assassinar enquanto que eles, para o fazerem ou para se suicidarem, não precisam de emoção ou paixão, tanto lhes deu.

Tivéssemos enviado um documentário com o Zézé Camarinha e os desempenhos que o Sol provoca em vez de lhes falar das artes do bacalhau ou da implantação mundial da língua falada, que eles não falam e, oh sócio, era ver chegar charters e charters com investidore(a)s nas indústrias da libido e do vinho.
LNT
[0.161/2011]