Vale-o-que-vale e é-o-que-é [ I ]
O pior que poderia acontecer numa altura em que o mercado financeiro mundial dá mostras do enorme bluff em que viveu nos últimos anos seria que se abrissem frentes de pânico que induzissem, por exemplo, corrida aos bancos ou aos resgates de Fundos. Como tal, é compreensível e desejável que quem tem responsabilidade acrescida evite declarações catastróficas e passe a imagem (e mais do que só imagem) de garantia dos depósitos e das aplicações financeiras de baixo risco (pelo menos das que foram anunciadas com sendo de baixo ou nulo risco).
Desta atitude até à de responsáveis e proeminentes figuras virem a público afirmar que Portugal não será afectado, ou que só o será marginalmente, revela bem a moral de quem o faz e reflecte a sua ideia sobre o estado de imbecilidade daqueles a quem se dirige.
Até os barbeiros sabem, e os merceeiros também, que qualquer investimento em Fundos é baseado em aplicações financeiras, mercado de bolsa, etc. e que, se as bolsas mundiais estão em crise, essas aplicações sentirão os seus reflexos. Todos, até os sapateiros ou os alfaiates sabem que, se os Bancos e as Seguradoras detêm e são detidos por, em maior ou menor escala, outras instituições financeiras internacionais, a crise no topo da montanha vai provocar avalanchas até ao sopé.
Em Portugal caíram em desuso os diminutivos com que se davam às coisas portuguesas a sua verdadeira dimensão. Substituíram-se pelo fala-baratismo que agora usa expressões nulas como o vale-o-que-vale ou o é-o-que-é para dissimular o pensamento da vacuidade.
LNT
Rastos:
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