terça-feira, 3 de abril de 2012

Surdinas [ XLII ]

Mosca(baixinho para que ninguém nos ouça)

A definição de besta só pode ser a de um burocrata europeu dizer que o caminho mais eficaz para desenvolvimento é aquele que mata os trabalhadores e os empresários, para logo a seguir dizer que não entende porque é que eles morrem de morte matada.

A definição de nojo é o Governo de um País independente sorrir para um gajo destes sem ser capaz de lhe dizer que um País independente não é um baldio de um Continente.

Não lhes poderemos cortar (à besta e ao Governo que lhe sorri) o subsídio de férias e de Natal para o resto da vida?
LNT
[0.192/2012]

O Tino de Sousa

MagritteTenho para mim que Marcelo vai tropeçar nesta sua corrida para Belém quando (e se) Leonor lhe saltar ao caminho. O namoro que resolveu fazer a António, tentando conquistar simpatias entre os que gostariam de ver António como líder do PS mesmo sabendo que ele fugiu à responsabilidade de suceder a José como o Diabo foge da Cruz (perdoem-me a blasfémia em Semana Santa), poderá ser mais um mergulho no Tejo, desta feita mais perigoso porque o Professor começa a dar sinais de flacidez. O tempo não perdoa e se Leonor se fizer à fonte não haverá milagre das rosas que salve o sacristão de Domingo.

José Manuel já tinha sentido as orelhas a arder quando o conselheiro de Aníbal lhe fez lembrar, na anterior homilia, tratar-se de um mero anfitrião de chapéu na mão. Através do ataque mesquinho e intriguista, tal como tem sido constante na sua vida política desde que Paulo deixou os jornais para se dedicar à política dos dentes branqueados, o mais que conhecido Cascalense quis, com esta golpaça, sentar António no Largo do Rato para que ele não lhe fizesse sombra na correria à Afonso de Albuquerque uma vez que o Secretário-Geral de um Partido nunca conseguirá pular directamente desse galho para o poleiro do Pátio dos Bichos.

Marcelo, Professor de primeiro nome, está cada vez mais igual a si próprio. Nem os seus esgares fazem esquecer que sempre que foi a votos trouxe de lá um saco cheio de nada.

Marcelo Nuno sabe que daqui a catorze anos terá 78 primaveras. É-lhe fatal. Faz-lhe perder o tino.
LNT
[0.191/2012]

O mundo pula e avança

CanguruHá quem confunda e se confunda com a frase do título deste Post, como por exemplo os anónimos do costume quando os assuntos do costume aqui são levantados. Então se esses assuntos os apanham e lhes tolhem os seus interesses fazem chover comentários não assinados onde atribuem a ira e a saudade a quem nunca deixa de dar a cara pelos seus valores. Não faz mal, é mesmo assim. Haverá sempre os que lutam e os que se escondem debaixo da cama para de lá fingirem que estão a lutar. É o não me agarrem, senão eles batem-me.

Hoje apeteceu-me responder a esse tipo de gatos escondidos para lhes dizer que poucas lições têm para dar sobre o combate ao "imobilismo garantístico", seja lá a calinada que isso for.

Respondo simples porque estamos a falar de simplicidade, com a certeza de que há quem muito salte sem nunca avançar até porque o intuito é só saltar para se fazer ver, que a febre tola dos novos protagonistas é tão vazia como são os pulos que dão. Se há coisa que por aí não falta são velhos com vinte anos de idade cuja única ambição é ocuparem o sítio de onde pularam os seus progenitores, pouco preocupados se os seus pulos significam o avanço do interesse comum.

Para se avançar nunca é necessário pular. Basta que um pé se desloque para a frente do outro. Para se avançar no caminho correcto será sempre necessário fazê-lo ancorado em valores. Não me demovem.
LNT
[0.190/2012]

Já fui feliz aqui [ MXCVII ]

a Secção

a Secção - Lisboa - Portugal
LNT
[0.189/2012]

segunda-feira, 2 de abril de 2012

A golpada de Marcelo

CorrenteAquilo a que Marcelo ontem chamou de golpada no PS é uma aflição que consegue pôr quase todos os poderes instituídos em sobressalto. A grande golpada de Seguro, como disse Marcelo, é atribuir o poder de escolha dos representantes do PS – Assembleia da República e órgãos autárquicos – aos militantes do Partido Socialista.

Seguro vai assim cumprindo o seu caminho sem fraquejar. Comprometeu-se a rever os estatutos do mais democrático de todos os Partidos portugueses, tornando-o ainda mais democrático e transparente, e isso fez-se nos prazos estabelecidos na moção aprovada no último Congresso Nacional. Como retirou a arbitrariedade às cúpulas partidárias e atribuiu a faculdade de concurso e selecção dos candidatos do Partido Político por método eleitoral (universal e secreto) vai por aí um “aqui d’el rei” que só visto e aqueles que hoje ocupam esses lugares sem nunca se terem sujeitado ao sufrágio dos seus pares, muitos deles nem sequer estão no PS há meia dúzia de anos e outros nunca se fizeram votar nas Secções, sentem-se incomodados.

A lição é para toda a cadeia política, seja ela a que se baseia na perpetuação das lideranças, seja a dos comités centrais, ou seja a dos baronatos. O PS dá, uma vez mais, o mote da democracia.

Obrigado António José.
LNT
[0.188/2012]

Já fui feliz aqui [ MXCVI ]

Manuela JardiCasulo

Manuela Jardim - Lisboa - Portugal
LNT
[0.187/2012]

sexta-feira, 30 de março de 2012

Simpatizante, de vez em quando

Ron MueckIsabel Moreira é deputada independente do Grupo Parlamentar do Partido Socialista.

Foi eleita para a Assembleia da República pelo Círculo de Lisboa e desconheço se foi incluída nas listas de candidatura por indicação de alguma estrutura do Partido Socialista.

Isabel Moreira faz saber que irá furar a disciplina de voto, o que é um seu direito como deputada, principalmente por ser deputada independente. Sobre este assunto nada tenho a comentar.

Como militante do Partido Socialista não deixo no entanto de me admirar com as declarações de Isabel Moreira onde ela sugere que António José Seguro deva demitir o porta-voz do PS porque, segundo Isabel Moreira, "essas dicotomias socráticos e não socráticos são puras invenções".

Como já disse anteriormente, desconheço se Isabel Moreira foi alvo de indicação por alguma estrutura do Partido Socialista. Embora seu eleitor, sou igualmente ignorante sobre se a sua inclusão nas listas de Lisboa foi feita pela cota do anterior Secretário-geral. A assim ter sido, então estamos perante uma socrática não socialista (no sentido de não ser militante do Partido Socialista). A assim ter sido, que tal acharia a deputada independente que eu fizesse sobre ela recomendações, "acrescentando mais uma vez que cabe ao secretário-geral avaliar as consequências das afirmações de Isabel Moreira, mas que a minha opinião é que deveria optar pela "demissão imediata" da deputada independente do PS".

Como Seguro não o poderá fazer, porque tal lhe está vedado mesmo tratando-se de uma deputada que não acata as decisões do Grupo Parlamentar onde está inserida, é minha opinião que, no mínimo, lhe coloque a questão de saber se ela entende que o seu socratismo é condição bastante que lhe permita mandar bitaites deste calibre sobre assuntos de um Partido com o qual ela simpatiza de vez em quando.
LNT
[0.186/2012]

Apetência/Resiliência

Laranja simplexEstou como Sofia. Também não me apetece. E tirando aquilo que nos diferencia, que é uma parte importante porque por não ter sido atalhada em tempo faz com que hoje não nos apeteça, no essencial não me apetece pelas mesmas razões que não apetece a Sofia.

Sei que não apetecer, não faz com que não aconteça e por isso vou combatendo a falta de apetite com esforço.

Há gente que nasceu para o não-conformismo e o futuro continua a estar nas mãos dos resilientes.
LNT
Imagem: Simplex
[0.185/2012]

Já fui feliz aqui [ MXCV ]

Casulo

Bicho da seda - Casulo - Portugal
LNT
[0.184/2012]

quinta-feira, 29 de março de 2012

Cinismo no superlativo

laranja mecânicaPoderia dizer que o homem é sínico, dados os negócios em que mete a Nação, mas é de cinismo que falarei neste apontamento.

Uma Nação que escolhe um cínico para Primeiro-Ministro merece que os sínicos fiquem a mandar em tudo isto.

Não tendo tido uma avozinha do interior, recordo sempre de ouvir a minha avó citadina dizer que: "homem de beiça fina não é de fiar".

Mesmo que o sorriso, com que antecedia as questões que Judite de Sousa lhe colocava, fosse estudado para a empatia, Passos Coelho nunca conseguiu disfarçar a brutalidade e a dureza das respostas baseadas na sua insensibilidade e no desprezo por quem sofre e na obsessão de continuar a sugar do lombo dos mais fracos, custe o que custar.

Zorrinho apontou aquilo que mais me chocou: Perante a calamidade do desemprego, o Primeiro-ministro referiu, como sua primeira preocupação, a diminuição de receitas que isso acarreta para o pote onde se lambuza. Sabemos que esta é a sua prioridade, todos nos lembramos da sua gulosa ambição. Mas o cinismo de Passos Coelho não se ficou por aqui e disse, cobardemente, quando Judite de Sousa o questionou sobre as desigualdades no apertar do cinto, que as malfeitorias que vai fazendo aos trabalhadores da Administração Pública derivam do anterior governo (e ainda menos que a gravidade reside no cúmulo dessas medidas com o corte de mais 2/14 do vencimento anual) não especificando que, se ele as mantém, é porque está de acordo com elas.

Estamos perante uma personalidade fraca e de carácter incapaz de assumir os seus próprios actos. Sabemos que foi com estas meias verdades e muitas outras mentiras que ele chegou ao poder, mas duvido que ainda alguém possa, tal como Judite de Sousa pôde, deixar passar impunemente tanta desonestidade intelectual e política.
LNT
[0.183/2012]

Já fui feliz aqui [ MXCIV ]

White

White - Portugal
LNT
[0.182/2012]

terça-feira, 27 de março de 2012

Let's go

Águia

LNT
[0.181/2012]

PREC – Processo revolucionário de empobrecimento em curso

GrelhaSoares dá o mote: O que se está a passar em Portugal não é uma reforma, mas sim a contra-reforma. O que se está a passar não é uma revolução silenciosa, mas sim uma contra-revolução.
Veremos até quando ela se manterá silenciosa.

Uma das mágoas maiores do último século português foi o processo de descolonização. Primeiro, por não ter sido verdadeiramente um processo uma vez que nunca foi planeado pelo sucessor de Oliveira Salazar que, não sendo um tacanho como o ditador que o antecedeu, deveria ter preparado o inevitável e, segundo, porque nunca se acautelaram os interesses daqueles que tiveram de retornar com a roupa na pele e deixar para trás vidas de trabalho.

A violência dos factos e a violentação dos agentes deste não-processo tiveram sequelas graves, também elas nunca tratadas por equipas multidisciplinares. Sempre se preferiu fazer crer que a integração desses nacionais foi exemplar e se fez por osmose.

Quem viveu as situações, retornados ou não, lembra-se do caos.

Os adultos retornados fizeram pela vida, foram subsidiados, emigraram, ou safaram-se como puderam e como o engenho e o “desenrasca português” lhes permitiu.

Hoje estão mortos ou para lá caminham. Os mais novos e as segundas gerações chegaram agora ao poder. Sem que nunca tenham sido objecto de acompanhamento trazem consigo a mágoa que não lhes foi atenuada, perdem-se nas imagens das savanas, na irrealidade que a sua infância e juventude retiveram e possivelmente nas recordações daquilo que nunca tiveram mas que sempre lhes disserem ter perdido.

Talvez esteja por aí, na espoliação, o ressentimento e a inconsciente vontade do ajuste de contas.

Talvez residam nessas estórias mal contadas e no verdadeiro assunto-tabu da nossa História recente, a vontade da contra-reforma e da contra-revolução. O retorno ao empobrecimento, o ajuste à miséria e à falta de ambição a que chamam “adaptação à realidade” e “a viver à medida dos seus meios” (sem que lhes permitam novos meios) como se a mediocridade e a infelicidade fossem o desígnio nacional. Este desamor, esta desesperança, esta não-ambição, podem muito bem ser o resultado de nunca se ter encarado cientificamente a necessidade de acompanhamento e da cura de mazelas de uma geração retornada e nunca verdadeiramente integrada. E como se todos nós, uns e outros, tivessemos de voltar a passar por tudo.
LNT
[0.180/2012]

segunda-feira, 26 de março de 2012

Só Sócrates consegue superar Lady Di

Cartaz proibidoBem, a coisa não é tal e qual assim. Lady Di está morta e enterrada e Sócrates está bem vivo e recomenda-se. Mas, em termos de saída de cena, podemos fazer o paralelo e por muito estranho que seja, Sócrates, pelo menos na Lusitânia, consegue superar as caixas altas e baixas dos jornais e até consegue ter sido, um ano depois de já pouco ter a ver com a porcaria que os actuais senhores do Governo andam a fazer, o assunto mais discutido e debatido no Congresso absolutamente Coreano que o PPD/PSD convocou para impor a vontade de Passin Il I (aquela de subir à tribuna para mandar votar bem o que ele entendeu ter sido mal votado pelas bases do seu Partido nem lembrava ao próprio Kim da Coreia).

Sócrates nunca foi o meu forte, confesso. Confesso também que, de todos os Secretários-Gerais do Partido Socialista, foi o que menos me agradou. Confesso também que nunca votei nele dentro do Partido Socialista. Nada disto é novidade. Quem me lê regularmente e/ou me conhece partidariamente, sabe-o bem. Mas uma coisa é ser discordante e outra é ser raivoso e foi esta última característica que mais se fez ver na laranjada norte-coreana do multiusos.

Até o busto de bronze montado no altar onde se fazem aquelas missas corou com tanta pouca vergonha e se é verdade que dali não arredou pé, nem quando se malhou no lombo da coisa (vá lá que ainda não foi desta que o homem citou aquela outra popularuchada do "a quem não sabe ***** até os ******* atrapalham"), deve ter-se enfurecido por nunca ter sido citado enquanto que Sócrates fazia parte de todas as frases.

Uma pepineira de Congresso só igualável à falta de sentido de Estado que fez as parangonas do Expresso desta semana. Decididamente estamos muito mal entregues.
LNT
[0.179/2012]