segunda-feira, 18 de abril de 2011

Labreguices

Burro1. Passos Coelho referiu, em tempos, que num almoço (ou jantar) "comicieiro" na Madeira um finlandês o terá abordado para lhe dizer que: "esperava que a conta daquele almoço não tivesse de vir a ser paga pelos seus impostos na Finlândia". Passos Coelho, que pretende ser Primeiro-Ministro de Portugal, não informou o que terá respondido mas entende-se que não lhe deu a única resposta possível perante a arrogância e que seria a de que os finlandeses, o FMI e outros, não estão a fazer caridade mas sim um negócio, um dos mais prósperos e antigos negócios que consiste em emprestar dinheiro em troca de mais dinheiro (o dinheiro + os juros). Ficou patente a labreguice de quem nos pretende representar como dirigente do executivo da República.

2. A estória de fazer de Basílio Horta o cabeça de uma das listas distritais do Partido Socialista é uma habilidade política, mais uma, que só serve para manter o rumo do desprestígio da política nacional. Não porque Basílio Horta não seja um excelente cidadão que mereça todo o respeito, mas pelo desrespeito que representa entregar a representação programática de um Partido na mão de um cidadão que nela não se revê. A labreguice não se dirige a Basílio Horta mas sim a quem o escolheu.

3. Fernando Nobre continua na senda da asneira. Depois de ter dado o dito por não dito atrelado à "supremacia dos independentes" e ao desconhecimento das regras constitucionais, o que é grave para quem pretendeu ser Presidente da República, declara agora (noticiários da manhã) que depois das eleições saberá se há condições ou não para ser "nomeado" Presidente da Assembleia da República. Notem bem, "nomeado" quando o cargo é de eleição entre os seus pares. Não há limites para a labreguice em que estamos mergulhados.

Depois admiram-se que lá fora nos percepcionem como labregos, não no sentido de aldeões, mas no de rudes e de grosseiros.
LNT
[0.132/2011]

Já fui feliz aqui [ DCCCLXXXV ]

Crazy Horse
Crazy Horse - Paris - França
LNT
[0.131/2011]

sábado, 16 de abril de 2011

Comentários

BarbeiroTal como há uns meses atrás, este blog tem sido objecto dos comentários mais estranhos, mais publicitários, spam e do pior gosto, normalmente objecto da cobardia de quem, servindo-se do anonimato, se entretém com ataques e ofensas.

Dá muito trabalho ter de monitorizar toda essa actividade e tenho tido o tempo demasiado ocupado para o poder perder com esse tipo de actividades.

Sempre que as audiências crescem ou se aproximam campanhas eleitorais estas situações repetem-se. Como na minha ideia de manter este espaço não se inclui a perda de tempo com este tipo de actividades, passo a optar, pelo menos durante algum tempo, por manter os comentários mas submetê-los a aprovação prévia.

Foi coisa que sempre evitei ao longo dos muitos anos que tenho de blogosfera por respeito a quem me visita. Não se trata de concordância ou desacordo, porque isso faz parte das regras de quem publica em blogs. Antes é uma decisão que se destina a poupar os meus leitores e a mim próprio.
LNT
[0.130/2011]

quinta-feira, 14 de abril de 2011

De treta em treta até à treta final

MagritteA blogocoisa e agora também a facebookcoisa está pejada de professores que se limitam a empinar os books para depois os transmitirem aos novos alunos. Malta com matéria na ponta da língua, muita dela desactualizada (20 ou 30 anos de hoje a isso obrigam), insistem em querer citar para esconderem a sua incapacidade de construir pensamento.

Julga esta blogogente que a blogocoisa e o facebookcoisa são uma sala de aula esquecendo-se de que quem os lê está pouco interessado na memória académica. Nunca perceberam que quem aqui vem pretende ler o que pensam o Francisco, o Manuel, a Maria e o Silva e que para lerem os sábios acederão à sua sapiência sem necessitarem de intermediários.

Então os blogoeconomistas são especialistas na linguagem de trapos que levou este País até ao ponto em que se encontra. Como é a frase? Ah, pois, se eles soubessem criar não ensinavam, faziam. É por isso que esses professores se irritam quando os auditores abordam os académicos no terreno para saberem das contas que fizeram e para medirem os resultados que conseguiram.
LNT
[0.129/2011]

Já fui feliz aqui [ DCCCLXXXIV ]

Pavilhão dos Desportos - Cascais
Concertos - Pavilhão dos Desportos - Cascais - Portugal
LNT
[0.128/2011]

quarta-feira, 13 de abril de 2011

Ave, Pê, morituri te salutant

Rui PerdigãoConsta que a última exigência do FMI é a de que os portugueses morram dois dias antes de se reformarem e de que as casas que compraram no Algarve, com empréstimos da banca, revertam para os reformados alemães.

Coisa pouca, porque a seguir irão exigir que seja extinto o subsídio de funeral. Os mortos que paguem a crise!

Agora que sabemos que o mentor do Pê II do PSD é Fernando Nobre, personagem interessante na moderna política transgénica nacional e pastor encartado de parlamentares, entendemos melhor porque é que Pê Coêlho tudo fez para que o FMI, ou o "éfe, éh, éh, éfe" (para ler com a boca cheia de bolo-rei e com os gafanhotos a saltarem) tenha aterrado na Portela antes que o aeroporto de Beja os pudesse receber para umas migas na ex-messe da Luftwaffe. É porque ao Pê II, o Drocas da JSD, fazem falta costas largas que recebam as facadas de que Pê I se queixava no tempo em que lhe davam pontapés no berço, e o FMI tem arcaboiço para tanto.

E nós, que o saudamos na hora da morte, olhamos para esta selvajaria fascistoide em que os ressabiados transformaram o sonho de uma Europa civilizada, forte, solidária e fraterna, baseada no respeito pela independência das Nações que a compõem.

Haverá ainda muito gonzo que acredite em tal abantesma, poderá o PSD de Passos Coelho ser a urna dos votos portugueses?
LNT
[0.127/2011]

terça-feira, 12 de abril de 2011

Já fui feliz aqui [ DCCCLXXXIII ] (especial)

Yuri Gagarin
Dedicado a Yuri Gagarin na comemoração dos 50 anos do grande salto que o transformou numa das maiores peças da engrenagem de propaganda da URSS.
Toca o hino.
LNT
[0.126/2011]

Longe da rua

Arte Sacra - ÓbidosTudo muito arrumadinho.

Cabelos penteados, escanhoados perfeitos, actores perdidos pelo teatro (e que bons teriam sido no Dona Maria), contrastes perfeitos entre as mangas de camisa de colarinhos abertos, na nave, e as monocolores berrantes da moda ao pescoço, no altar.

A Missa seguiu os cânones. Música sacra, te deum, leituras, homilias, consagração, venha a nós o vosso reino, a bênção final e até alguns milagres. Fé, houve muita fé, e esperança também.

E o sussurro permanente:
Agnus Dei, qui tollis peccata mundi, miserere nobis

E o murmúrio em surdina:
Agnus Dei, qui tollis peccata mundi, dona eis requiem sempiternam.
LNT
[0.125/2011]

Já fui feliz aqui [ DCCCLXXXII ]

Perigo de Camelos
Jámé - Península de Setúbal - Portugal
LNT
[0.124/2011]

segunda-feira, 11 de abril de 2011

Por falar em enlatados

Porco ARDesculpar-me-ão a publicidade mas à marca Nobre associo, sempre, fiambre da pá, salsichas enlatadas, enchidos de miudezas e outros produtos de fast food.

Depois de se ter inventado que os órgãos maiores dos Partidos (os Congressos Nacionais) se destinam a propaganda política em substituição da discussão das linhas programáticas e de orientação política que os regem;
Depois de se ter inventado que as legislativas se destinam a eleger Primeiros-Ministros em substituição de deputados nacionais;
Inventa-se agora que o Presidente da Assembleia da República, segunda individualidade na hierarquia do Estado, eleito pelos seus pares em sufrágio interno na Assembleia da República, passe a ser objecto de propaganda no sufrágio universal e directo. Ainda por cima, o cargo de Presidente da Assembleia da República tem um vincado peso político partidário porque quem se senta na Assembleia da República são os Partidos políticos e até os independentes a eles estão vinculados. No nosso regime constitui uma grave distorção atribuir o cargo de Presidente da Assembleia da República a um "independente".

O descrédito total da nossa democracia representativa vai em crescendo. O oportunismo toma definitivamente conta de tudo. Quem ouviu Fernando Nobre em campanha das presidenciais dizer-se independente dos partidos e agora o vê avançar com este embuste, deve estar a tentar arranjar argumentação para justificar tanta mentira e desonestidade. Aproveito para lembrar que há cinco anos Manuel Alegre concorreu às presidenciais como independente e sem apoio dos Partidos e quando o Partido Socialista o contactou para que integrasse as listas de deputados ele recusou, mesmo sendo militante do Partido Socialista. Realmente não é tudo a mesma coisa. As pessoas distinguem-se pela ética e pela honestidade.

Desta vez Manuel Alegre foi candidato à Presidência da República com o apoio oficial de Partidos. É militante do Partido Socialista. No Congresso Nacional realizado no último fim-de-semana circulou que iria ser convidado para encabeçar a lista do PS por Coimbra. Na altura achei bem que ele não aceitasse (assim como achei bem que ele aceitasse fazer parte dos órgãos directivos do PS). Neste momento mudei de opinião. Entendo que Manuel Alegre deverá, para além de fazer parte dos órgãos nacionais do PS, ser cabeça de lista por Coimbra (ou qualquer outro círculo eleitoral) e, quando for o tempo disso, deverá ser candidato a Presidente da Assembleia da República, apresentando-se aos deputados como alternativa ao candidato já anunciado por Passos Coelho.

Sei que George Orwell quando escreveu o Triunfo dos Porcos fazia uma alegoria a outras realidades mas, nos tempos que correm, adapta-se como uma luva às "correntes independentes" que, de serem tão independentes, só aguardam a oportunidade para ganharem o poder e dele fazerem, depois de assassinarem a ideia da doutrina, a pocilga do porco mais igual.
LNT
[0.123/2011]

Já fui feliz aqui [ DCCCLXXXI ]

Allô, allô
Allo, allo - Série
LNT
[0.122/2011]

sexta-feira, 8 de abril de 2011

Oiçam bem

Salvador DaliAdianta enumerar todas as causas que nos trouxeram até aqui. Importa fazê-lo para que no futuro se possam evitar os erros cometidos no passado. É imprescindível identificar os autores desses erros, não com o intuito de os fustigar até porque muitos deles terão agido em boa consciência e convencidos de que estavam certos (e entregar à justiça os que agiram por mal), mas de forma a referenciá-los para nos ajudar a excluí-los em escolhas futuras.

No entanto não o farei agora. O que pretendo neste momento é que oiçam bem um conselho da rua.

A ajuda que aí está não é muito diferente de um crédito de sobrevivência pessoal. Quem ajuda diz-nos que temos de consumir menos, de consumir melhor e de produzir para que os bens consumíveis fiquem disponíveis. Pouco lhes importa se o dinheiro que nos emprestam é consumido em lagostas para dois dias ou em açorda para trinta. Só nos dizem que o dinheiro para consumo é só aquele e que o dinheiro emprestado se destina a produzir para podermos pagar o empréstimo e para não termos de pedir outro. Só nos dizem que o dinheiro é um bem raro e caro tendo por isso que ser tratado com cuidado no consumo e com inteligência na produção.

Por isso, meus senhores façam o favor de ouvir bem!

Tratem com sabedoria o que agora vão receber e tratem de não excluir nem matar as pessoas. O que tem de ser feito tem de ser por e com elas, reduzindo todos os lixos que não interessam, retirando privilégios, cortando gorduras e exterminando parasitas. E já agora anotem que desta vez me parece que se o não fizerem a bem, vão acabar por fazê-lo a mal.
LNT
[0.121/2011]

quinta-feira, 7 de abril de 2011

Maria Emília, uma mulher de armas

Maria Emília e Manuel Tito de MoraisSe houve mulher que se distinguiu na formação e consolidação do Partido Socialista foi Maria Emília Tito de Morais, uma das suas fundadoras. Maria Emília não foi uma mulher qualquer. Casada com Manuel Tito de Morais aguentou com estoicidade os exílios, as prisões, a luta e a valentia do seu marido com quem repartiu essas privações com uma determinação e coragem invulgares. Depois do Vinte e Cinco de Abril foi uma das pedras basilares na organização e na comunicação do Partido Socialista.

Hoje partiu em paz e amanhã estará na sede nacional para se despedir de todos os seus amigos e camaradas. A toda a sua família, ao Luís, ao Manuel e especialmente ao meu muito amigo Pedro deixo um grande abraço solidário e fraterno.

O enorme respeito e amizade que tenho por Maria Emília obriga-me a este testemunho público.
LNT
[0.120/2011]

terça-feira, 5 de abril de 2011

Os do costume que paguem a crise

Zzaga Jepsen
"Que sirva de lição a quem andou sempre com "paninhos quentes" a proteger o contrário do preceito constitucional que garante estar assegurado o primado do Estado de Direito democrático com base na soberania popular, no pluralismo de expressão e organização política democráticas. Sempre que a banca foi tratada de forma desigual, fomos nós, contribuintes iguais, que tivemos de pagar mais. O "primado" da finança prevalece."
Foi assim que resolvi introduzir esta notícia da Agência Financeira no FaceBook. Parece mais uma tirada demagógica e certamente é mesmo, dirão.

Pelo menos dirão num País que mantém em liberdade (ou livremente condicionados) alguns dos colarinhos brancos que ajudaram a atirar-nos para o buraco em que estamos hoje.

Pelo menos dirão os que nunca entenderam que, nos países civilizados, a banca tem direitos e deveres iguais aos de qualquer outro sector da economia.

Pelo menos dirão ser atrozmente demagógica, quem deixou correr as promessas de mel que agora, em altura de aperto, se transformam em chantagem sobre o primado do Estado de direito democrático.

Por cada cêntimo beneficiado pela banca ou objecto de tratamento desigual em sede de fisco e de apoio, todos nós tivemos de ser mais e mais contribuintes.

Foram esses beneficiados que agora se reuniram para demonstrar por a+b que quem manda são eles e para decretar que serão os do costume quem irá pagar a crise.
LNT
[0.119/2011]