sábado, 16 de abril de 2011

Comentários

BarbeiroTal como há uns meses atrás, este blog tem sido objecto dos comentários mais estranhos, mais publicitários, spam e do pior gosto, normalmente objecto da cobardia de quem, servindo-se do anonimato, se entretém com ataques e ofensas.

Dá muito trabalho ter de monitorizar toda essa actividade e tenho tido o tempo demasiado ocupado para o poder perder com esse tipo de actividades.

Sempre que as audiências crescem ou se aproximam campanhas eleitorais estas situações repetem-se. Como na minha ideia de manter este espaço não se inclui a perda de tempo com este tipo de actividades, passo a optar, pelo menos durante algum tempo, por manter os comentários mas submetê-los a aprovação prévia.

Foi coisa que sempre evitei ao longo dos muitos anos que tenho de blogosfera por respeito a quem me visita. Não se trata de concordância ou desacordo, porque isso faz parte das regras de quem publica em blogs. Antes é uma decisão que se destina a poupar os meus leitores e a mim próprio.
LNT
[0.130/2011]

quinta-feira, 14 de abril de 2011

De treta em treta até à treta final

MagritteA blogocoisa e agora também a facebookcoisa está pejada de professores que se limitam a empinar os books para depois os transmitirem aos novos alunos. Malta com matéria na ponta da língua, muita dela desactualizada (20 ou 30 anos de hoje a isso obrigam), insistem em querer citar para esconderem a sua incapacidade de construir pensamento.

Julga esta blogogente que a blogocoisa e o facebookcoisa são uma sala de aula esquecendo-se de que quem os lê está pouco interessado na memória académica. Nunca perceberam que quem aqui vem pretende ler o que pensam o Francisco, o Manuel, a Maria e o Silva e que para lerem os sábios acederão à sua sapiência sem necessitarem de intermediários.

Então os blogoeconomistas são especialistas na linguagem de trapos que levou este País até ao ponto em que se encontra. Como é a frase? Ah, pois, se eles soubessem criar não ensinavam, faziam. É por isso que esses professores se irritam quando os auditores abordam os académicos no terreno para saberem das contas que fizeram e para medirem os resultados que conseguiram.
LNT
[0.129/2011]

Já fui feliz aqui [ DCCCLXXXIV ]

Pavilhão dos Desportos - Cascais
Concertos - Pavilhão dos Desportos - Cascais - Portugal
LNT
[0.128/2011]

quarta-feira, 13 de abril de 2011

Ave, Pê, morituri te salutant

Rui PerdigãoConsta que a última exigência do FMI é a de que os portugueses morram dois dias antes de se reformarem e de que as casas que compraram no Algarve, com empréstimos da banca, revertam para os reformados alemães.

Coisa pouca, porque a seguir irão exigir que seja extinto o subsídio de funeral. Os mortos que paguem a crise!

Agora que sabemos que o mentor do Pê II do PSD é Fernando Nobre, personagem interessante na moderna política transgénica nacional e pastor encartado de parlamentares, entendemos melhor porque é que Pê Coêlho tudo fez para que o FMI, ou o "éfe, éh, éh, éfe" (para ler com a boca cheia de bolo-rei e com os gafanhotos a saltarem) tenha aterrado na Portela antes que o aeroporto de Beja os pudesse receber para umas migas na ex-messe da Luftwaffe. É porque ao Pê II, o Drocas da JSD, fazem falta costas largas que recebam as facadas de que Pê I se queixava no tempo em que lhe davam pontapés no berço, e o FMI tem arcaboiço para tanto.

E nós, que o saudamos na hora da morte, olhamos para esta selvajaria fascistoide em que os ressabiados transformaram o sonho de uma Europa civilizada, forte, solidária e fraterna, baseada no respeito pela independência das Nações que a compõem.

Haverá ainda muito gonzo que acredite em tal abantesma, poderá o PSD de Passos Coelho ser a urna dos votos portugueses?
LNT
[0.127/2011]

terça-feira, 12 de abril de 2011

Já fui feliz aqui [ DCCCLXXXIII ] (especial)

Yuri Gagarin
Dedicado a Yuri Gagarin na comemoração dos 50 anos do grande salto que o transformou numa das maiores peças da engrenagem de propaganda da URSS.
Toca o hino.
LNT
[0.126/2011]

Longe da rua

Arte Sacra - ÓbidosTudo muito arrumadinho.

Cabelos penteados, escanhoados perfeitos, actores perdidos pelo teatro (e que bons teriam sido no Dona Maria), contrastes perfeitos entre as mangas de camisa de colarinhos abertos, na nave, e as monocolores berrantes da moda ao pescoço, no altar.

A Missa seguiu os cânones. Música sacra, te deum, leituras, homilias, consagração, venha a nós o vosso reino, a bênção final e até alguns milagres. Fé, houve muita fé, e esperança também.

E o sussurro permanente:
Agnus Dei, qui tollis peccata mundi, miserere nobis

E o murmúrio em surdina:
Agnus Dei, qui tollis peccata mundi, dona eis requiem sempiternam.
LNT
[0.125/2011]

Já fui feliz aqui [ DCCCLXXXII ]

Perigo de Camelos
Jámé - Península de Setúbal - Portugal
LNT
[0.124/2011]

segunda-feira, 11 de abril de 2011

Por falar em enlatados

Porco ARDesculpar-me-ão a publicidade mas à marca Nobre associo, sempre, fiambre da pá, salsichas enlatadas, enchidos de miudezas e outros produtos de fast food.

Depois de se ter inventado que os órgãos maiores dos Partidos (os Congressos Nacionais) se destinam a propaganda política em substituição da discussão das linhas programáticas e de orientação política que os regem;
Depois de se ter inventado que as legislativas se destinam a eleger Primeiros-Ministros em substituição de deputados nacionais;
Inventa-se agora que o Presidente da Assembleia da República, segunda individualidade na hierarquia do Estado, eleito pelos seus pares em sufrágio interno na Assembleia da República, passe a ser objecto de propaganda no sufrágio universal e directo. Ainda por cima, o cargo de Presidente da Assembleia da República tem um vincado peso político partidário porque quem se senta na Assembleia da República são os Partidos políticos e até os independentes a eles estão vinculados. No nosso regime constitui uma grave distorção atribuir o cargo de Presidente da Assembleia da República a um "independente".

O descrédito total da nossa democracia representativa vai em crescendo. O oportunismo toma definitivamente conta de tudo. Quem ouviu Fernando Nobre em campanha das presidenciais dizer-se independente dos partidos e agora o vê avançar com este embuste, deve estar a tentar arranjar argumentação para justificar tanta mentira e desonestidade. Aproveito para lembrar que há cinco anos Manuel Alegre concorreu às presidenciais como independente e sem apoio dos Partidos e quando o Partido Socialista o contactou para que integrasse as listas de deputados ele recusou, mesmo sendo militante do Partido Socialista. Realmente não é tudo a mesma coisa. As pessoas distinguem-se pela ética e pela honestidade.

Desta vez Manuel Alegre foi candidato à Presidência da República com o apoio oficial de Partidos. É militante do Partido Socialista. No Congresso Nacional realizado no último fim-de-semana circulou que iria ser convidado para encabeçar a lista do PS por Coimbra. Na altura achei bem que ele não aceitasse (assim como achei bem que ele aceitasse fazer parte dos órgãos directivos do PS). Neste momento mudei de opinião. Entendo que Manuel Alegre deverá, para além de fazer parte dos órgãos nacionais do PS, ser cabeça de lista por Coimbra (ou qualquer outro círculo eleitoral) e, quando for o tempo disso, deverá ser candidato a Presidente da Assembleia da República, apresentando-se aos deputados como alternativa ao candidato já anunciado por Passos Coelho.

Sei que George Orwell quando escreveu o Triunfo dos Porcos fazia uma alegoria a outras realidades mas, nos tempos que correm, adapta-se como uma luva às "correntes independentes" que, de serem tão independentes, só aguardam a oportunidade para ganharem o poder e dele fazerem, depois de assassinarem a ideia da doutrina, a pocilga do porco mais igual.
LNT
[0.123/2011]

Já fui feliz aqui [ DCCCLXXXI ]

Allô, allô
Allo, allo - Série
LNT
[0.122/2011]

sexta-feira, 8 de abril de 2011

Oiçam bem

Salvador DaliAdianta enumerar todas as causas que nos trouxeram até aqui. Importa fazê-lo para que no futuro se possam evitar os erros cometidos no passado. É imprescindível identificar os autores desses erros, não com o intuito de os fustigar até porque muitos deles terão agido em boa consciência e convencidos de que estavam certos (e entregar à justiça os que agiram por mal), mas de forma a referenciá-los para nos ajudar a excluí-los em escolhas futuras.

No entanto não o farei agora. O que pretendo neste momento é que oiçam bem um conselho da rua.

A ajuda que aí está não é muito diferente de um crédito de sobrevivência pessoal. Quem ajuda diz-nos que temos de consumir menos, de consumir melhor e de produzir para que os bens consumíveis fiquem disponíveis. Pouco lhes importa se o dinheiro que nos emprestam é consumido em lagostas para dois dias ou em açorda para trinta. Só nos dizem que o dinheiro para consumo é só aquele e que o dinheiro emprestado se destina a produzir para podermos pagar o empréstimo e para não termos de pedir outro. Só nos dizem que o dinheiro é um bem raro e caro tendo por isso que ser tratado com cuidado no consumo e com inteligência na produção.

Por isso, meus senhores façam o favor de ouvir bem!

Tratem com sabedoria o que agora vão receber e tratem de não excluir nem matar as pessoas. O que tem de ser feito tem de ser por e com elas, reduzindo todos os lixos que não interessam, retirando privilégios, cortando gorduras e exterminando parasitas. E já agora anotem que desta vez me parece que se o não fizerem a bem, vão acabar por fazê-lo a mal.
LNT
[0.121/2011]

quinta-feira, 7 de abril de 2011

Maria Emília, uma mulher de armas

Maria Emília e Manuel Tito de MoraisSe houve mulher que se distinguiu na formação e consolidação do Partido Socialista foi Maria Emília Tito de Morais, uma das suas fundadoras. Maria Emília não foi uma mulher qualquer. Casada com Manuel Tito de Morais aguentou com estoicidade os exílios, as prisões, a luta e a valentia do seu marido com quem repartiu essas privações com uma determinação e coragem invulgares. Depois do Vinte e Cinco de Abril foi uma das pedras basilares na organização e na comunicação do Partido Socialista.

Hoje partiu em paz e amanhã estará na sede nacional para se despedir de todos os seus amigos e camaradas. A toda a sua família, ao Luís, ao Manuel e especialmente ao meu muito amigo Pedro deixo um grande abraço solidário e fraterno.

O enorme respeito e amizade que tenho por Maria Emília obriga-me a este testemunho público.
LNT
[0.120/2011]

terça-feira, 5 de abril de 2011

Os do costume que paguem a crise

Zzaga Jepsen
"Que sirva de lição a quem andou sempre com "paninhos quentes" a proteger o contrário do preceito constitucional que garante estar assegurado o primado do Estado de Direito democrático com base na soberania popular, no pluralismo de expressão e organização política democráticas. Sempre que a banca foi tratada de forma desigual, fomos nós, contribuintes iguais, que tivemos de pagar mais. O "primado" da finança prevalece."
Foi assim que resolvi introduzir esta notícia da Agência Financeira no FaceBook. Parece mais uma tirada demagógica e certamente é mesmo, dirão.

Pelo menos dirão num País que mantém em liberdade (ou livremente condicionados) alguns dos colarinhos brancos que ajudaram a atirar-nos para o buraco em que estamos hoje.

Pelo menos dirão os que nunca entenderam que, nos países civilizados, a banca tem direitos e deveres iguais aos de qualquer outro sector da economia.

Pelo menos dirão ser atrozmente demagógica, quem deixou correr as promessas de mel que agora, em altura de aperto, se transformam em chantagem sobre o primado do Estado de direito democrático.

Por cada cêntimo beneficiado pela banca ou objecto de tratamento desigual em sede de fisco e de apoio, todos nós tivemos de ser mais e mais contribuintes.

Foram esses beneficiados que agora se reuniram para demonstrar por a+b que quem manda são eles e para decretar que serão os do costume quem irá pagar a crise.
LNT
[0.119/2011]

Já fui feliz aqui [ DCCCLXXX ]

Manuela Jardim
Manuela Jardim - Portugal
LNT
[0.118/2011]

segunda-feira, 4 de abril de 2011

Barda-merda, não era, almirante?

Homem do Coco e da bicicletaO Presidente da República (dos portugueses que nele votaram) vem, mais uma vez, através do FaceBook apelar à união de esforços e à abnegação de quem lhe paga as pensões depois de se ter esquecido ou, conforme ele disse, "depois da rapidez dos acontecimentos que o levou a esquecer" a urgência para evitar o mal-maior.

No País dos novos-ricos, dos patos-bravos e dos chico-espertos, elegeu-se o mal-menor de uma facção com os votos e a abstenção de parte da outra facção que argumentou não estar disposta a ceder ao seu próprio mal-menor.
(Digo isto com a ressalva de que sempre considerei o opositor de Cavaco como um bem-maior)


Portugal merecia melhor.

Nenhuma nação sobrevive tantos séculos com dirigentes tão medíocres se não tiver um povo extraordinário. Embora se insista em tratar-se de "um povo que não se governa nem se deixa governar" e com isso se argumente que tem de vir alguém de fora para pôr isto na ordem, o povo, que sempre se governou, vai continuar a demonstrar que se aguenta com ou sem o chicote externo.

E o Presidente (dos portugueses que nele votaram) bem pode continuar a usar o FaceBook, que o povo não usa, não conhece, nem sabe o que é, para dizer aos novos-ricos, patos-bravos e chico-espertos que a nova União Nacional será a salvação da democracia que ele quer tutelar agora que já arranjou tempo, depois de ter criado essas condições com a sua inoperância, que os portugueses tratarão de lhe demonstrar que tudo isto é mais uma das razões que levam um povo sábio a não se deixar governar por tão má casta.
LNT
[0.117/2011]

Já fui feliz aqui [ DCCCLXXIX ]

Rennie
Rennie - Azia - Portugal
LNT
[0.116/2011]

domingo, 3 de abril de 2011

Cretinice

Águia e GatoAinda que a azia possa ser forte, há determinados momentos em que é preferível viver e deixar viver a escurecer e regar os nossos adversários.

Há muitas razões para ganhar e perder mas há uma que é sempre válida, quando se prende com as regras do jogo, que consiste no mérito.

Quando um País até consegue fazer do desporto mais uma ocasião para demonstrar a sua intolerância e os dirigentes do maior clube português transformam uma derrota num ressabiamento desesperado, está tudo dito.

A nossa águia não merecia tão mau comportamento.
LNT
[0.115/2011]

sábado, 2 de abril de 2011

Já fui feliz aqui [ DCCCLXXVIII ]

Jantar Alegro
Jantar do Blog Alegro (2011.04.01) - Palácio da Independência - Lisboa - Portugal
LNT
[0.114/2011]

A mim ninguém me cala *

PinóquioFoi, realmente, uma mentira do primeiro de Abril.

Talvez não seja impossível, mas será muito difícil que alguém me cale em troca do que quer que seja. Comovido pelo vosso interesse e simpatia (aqui, no Blog e no FB) estarei enquanto achar que tenha alguma coisa de interesse, ou até sem nenhum, que me dê satisfação partilhar com todos vós que têm a pachorra de me aturar e ler. Grande abraço deste vosso barbeiro digital.
LNT
* Expressão conhecida...
[0.113/2011]

sexta-feira, 1 de abril de 2011

É da vida

SPAA vida tem voltas imprevisíveis.

Quando abri esta loja há uns anos, nunca pensei que poderia ter de a vir a trespassar por razões ligadas a desafios incompatíveis com o corte de gadelha electrónico e o escanhoar fininho de opinião.

Mas a vida é o que é e existem propostas irrecusáveis. Ao colocar este SPA em suspensão não apresento despedidas porque a única que conheço é a morte.

Concretiza-se, hoje, a troca do meu silêncio em público por valores mais altos.
Até breve.
LNT
[0.112/2011]

Já fui feliz aqui [ DCCCLXXVII ]

Monica Belluci
Monica Belluci
LNT
[0.111/2011]

quinta-feira, 31 de março de 2011

Não é tudo a mesma coisa

o PS em Congressos (cronologia)


Em paralelo com a realização do XVII Congresso Nacional do PS, que se realizará na próxima semana, irá decorrer a exposição "o PS em Congressos" (cronologia).

Trata-se de uma viagem portuguesa iniciada antes da liberdade até ao presente, enquadrada por uma faixa cronológica e composta por um painel de imagens por Congresso representantes dos factos mais relevantes ocorridos entre a data da realização desse Congresso e o que se realizou a seguir.

Os painéis agrupam-se em conjuntos por Secretário-Geral e são complementados com audiovisual.
A equipa que produziu esta exposição foi composta por: Adelaide Condeço, Custódia Fernandes, José Neves, Luís Novaes Tito, Noémia Barroso e Osita Eleutério.
A promoção foi do Secretariado Nacional do PS representado por André Figueiredo.
Irá ler-se na folha incluída na pasta dos congressistas:
(...) "Coisas tão simples e normais nos dias de hoje como, por exemplo, o divórcio, o passaporte europeu, a livre expressão, o acesso à banda larga, a tolerância ao diferente e o reconhecimento de direitos iguais, o direito ao ensino público, a garantia de subsistência e de cuidados de saúde, a autonomia regional e a abolição do serviço militar obrigatório, foram conseguidas com o envolvimento dos socialistas e, na maior parte das vezes, por sua iniciativa e liderança.
É um orgulho pertencer a este grupo de milhões de cidadãos que sempre se bateram por Portugal e pela qualidade da cidadania." (...)

É também um orgulho ter participado nesta equipa maravilha que conseguiu concretizar, em menos de dois meses, uma exposição que, sendo forçosamente incompleta, permite demonstrar que "não é tudo a mesma coisa" e que aconteça o que vier a acontecer, o Portugal de hoje é muito melhor do que aquele que saiu da ditadura.

LNT
[0.109/2011]

Já fui feliz aqui [ DCCCLXXVI ]

Terra
Terra - Sistema Solar
LNT
[0.108/2011]

quarta-feira, 30 de março de 2011

Na Páscoa até os coelhos põem ovos

AR em obras - Fotos António ColaçoEle não suportava estar arredado da cadeira do hemiciclo. Manuela, a cruel, num dos seus últimos actos como chefe do baronato tinha-o excluído da importância dos pares.

Todos tinham o seu tempo de borla. Até Manuela, Pacheco e os outros perdedores. Ele, para aparecer, tinha de se arrastar pelos jantares da carne assada, tinha de convocar os media a recibo verde, inventar casos, dizer coisas, dar e levar abraços, beliscões e beijos, uma canseira.

Ele, o chefe, não podia suportar a sombra, o esforço, o dizer vazio para parecer que dizia, e os outros, os já ex, mantinham-se presentes nas imagens fugidias do Canal Parlamento, nos directos, indirectos e montagens, à entrada dos Passos Perdidos, à porta da casa de banho, nos corredores com a campainha a tocar, rodeados de flashes, de luzes da ribalta, de canetas pejadas de inutilidades e dos empurrões das estagiárias em busca de uma vida menos parva numa qualquer redacção.

Declarou-se farto e se não podia apresentar as suas razões para tal frustração, criou outras que se prendiam com o inevitável, fazendo da inevitabilidade o bode expiatório da sua raiva e enviou definitivamente a Nação para a condição de manada de mansos sem pasto nem ração.

Passos Coelho não suportou ser moeda má nem estar longe dos Columbanos e da talha doirada dos Passos que ainda haveremos de ver se não terão sido Perdidos.
LNT
Fotos: António Colaço
[0.107/2011]

الطيب محمد البوعزيزي‎

Mohamed BouaziziFez bem em lembrar.

Tarek al-Tayyib – trato-o pelo primeiro nome para parecer-lhes tão íntimo como os cínicos que o visitaram na sua agonia de 18 dias – é o sinal dos tempos, o resultado do desespero de quem nada mais tem do que a sua vida para protestar.

A Helena fez o mínimo que se pode fazer a quem prefere uma morte em protesto do que uma vida em escravatura. Bem-haja por isso.
LNT
[0.106/2011]

Já fui feliz aqui [ DCCCLXXV ]

Tobias e Mimi
Família Tobias - Lisboa - Portugal
LNT
[0.105/2011]

terça-feira, 29 de março de 2011

Do medo

Ron Mueck
Há gente que tem medo de tudo, até do seu reflexo no espelho. Até do espelho, não vá ele não o reflectir.

Há sempre alguém que nos diz: - tem cuidado, como canta o Represas.

Há sempre quem, de ter tanto medo, se esquece de viver. Quem prefira a vidinha à vida e morra de medo sem nunca se ter atrevido a correr o risco de morrer para o combater.

LNT
[0.104/2011]

Já fui feliz aqui [ DCCCLXXIV ]

Luises
Tempos de namoro - Lisboa - Portugal
LNT
[0.103/2011]

segunda-feira, 28 de março de 2011

Do sótão

FuryQuando eu era miúdo vivia com uma matilha de irmãos numa moradia em São Domingos de Benfica. Na nossa rua só haviam mais duas casas, outras moradias iguais à nossa que se distinguiam pela cor dos frisos da fachada.

Na casa ao lado moravam uns refugiados alemães da segunda grande guerra, talvez um pouco mais velhos que a minha mãe. Ele, alto e reservado. Ela, que tinha um nome que não sei escrever mas que soava em português “Fiuri” (a quem nós chamávamos Madame Fury – o Cavalo Selvagem, como tínhamos aprendido na série que na altura passava na televisão), fazia-nos tremer de medo cada vez que uma bola mais alta passava o muro e aterrava no meio das rosas do outro lado. Quase sempre cabia-me ter de ir buscar a bola, coisa própria para um dos mais novos que, com mais ou menos resmungos alemães, de lá regressava com o rabo entre as pernas mas com o esférico debaixo do braço.

A Madame Fury – o Cavalo Selvagem, ficou-me guardada num qualquer recanto da memória e foi preciso passarem todos estes anos para a rever, embora mais peituda e anafada, na figura de mad. Dorothea a barafustar no seu melhor alemão contra as tretas portuguesas, a falta de tempo de Cavaco e a infantilidade de Coelho.
LNT
[0.102/2011]

Já fui feliz aqui [ DCCCLXXIII ]

Évora
Évora - Alentejo - Portugal
LNT
[0.101/2011]

quarta-feira, 23 de março de 2011

Foi tudo muito rápido

Gunter GrassEle, omnipotente, deu-lhe na veneta e de três paus fez uma canoa em seis dias. Ao sétimo, em vez de descansar conforme previsto e porque ainda não se tinha inventado a bisca lambida, resolveu matutar e, da serradura dos três paus, fez o cavaco para que o fogo crepitasse e se incendiasse a pasmaceira.

Mais tarde, vendo o homem triste sacou-lhe uma costela e dela fez melhor uso. Tudo coisas aparentemente boas mas que são a razão de todas as preocupações.

Tudo Ele fez em seis dias, quase tantos como os que passaram tão rápido para tão lento pensamento, passamento, desforra, ou lá o que é.

Sei que dantes o tempo precisava de tempo. Os jovens iam passar férias abnegadas com a canhota debaixo do braço para o mato tropical, havia o dia da raça e a raça de gente que nos havia de ter calhado. Mas isso era dantes.

Agora o tempo passa sem que se dê por isso. Deve ser efeito da reforma.
LNT
[0.100/2011]