sexta-feira, 28 de junho de 2013

Cegos

FisgaHá quem prefira chamá-los de invisuais, assim como há quem fale de raças para dizer etnias e quem chame de palhaço a gente que nunca fez sorrir.

Cegos de cegueira total. Gente sem qualquer percepção da luz e que, apesar da escuridão total em que vive, nunca conseguiu desenvolver os outros sentidos.

É disso que os líderes europeus padecem. Não ouvem, não cheiram, não saboreiam nem sentem aquilo que a sua cegueira não deixa ver.

Entretanto o radicalismo extremista vai conquistando a Europa. Mais tarde ou mais cedo vai ser necessário repegar no machado.
LNT
[0.196/2013]

Poder e dever

YesPode-se ir para a praia em dia de Greve Geral? Pode-se!
Deve-se ir para a praia em dia de Greve Geral? Deve-se, se estiver bom tempo!

Pode-se cortar estradas em dia de Greve Geral? Pode-se!
Deve-se cortar estradas em dia de Greve Geral? Deve-se, se estivermos em regime revolucionário!

Pode-se ser discriminado em dia de Greve Geral? Pode-se!
Deve-se ser discriminado por se ser grevista (como maus) ou por se ser fura-greves (como bons)? Deve-se, se estivermos perante um Governo autista e desrespeitador dos cidadãos que governa!

Pode-se preferir o trabalho à Greve Geral? Pode-se!
Deve-se dizer que os cidadãos devem trabalhar em vez de fazer Greve Geral? Deve-se, se for dito por um Governo incentivador do trabalho ou se, pelo menos, não for dito por um Governo que é o principal instigador da greve daqueles a quem ainda não destruiu os postos de trabalho.
LNT
[0.195/2013]

quarta-feira, 26 de junho de 2013

terça-feira, 25 de junho de 2013

Da alma

Ampulheta
Embora mintas bem, não te acredito;
Perpassa nos teus olhos desleais
O gelo do teu peito de granito...

Mas finjo-me enganada, meu encanto,
Que um engano feliz vale bem mais
Que um desengano que nos custa tanto!
Florbela Espanca - A mensageira das violetas
Florbela escrevia sobre o amor, coisa de que os poetas dissertam em verso porque a prosa é mais propícia aos amorosos enganados pela política.

Descansem que não vou fazer uma prelecção poética. Não é matéria do meu mister, nem é norma do livro de estilo deste blog e, se posso fazer uso de quem sabe dessa poda, porque disparate a mal faria?

É inacreditável que amanhã faça anos. Tantos que lhes perco a conta e tão poucos que ainda não chegam para poder usufruir da calma que gostaria de ter, do sossego que merecia ter conquistado e do direito de não ter mais de aturar quem nunca fez por merecer ter direitos.

Chegado aqui, à idade do ouro como diz quem vende viagens e estadias, olho para os pinceis de uma vida passada entre todo o tipo de gentes e suspiro pela pressa com que tudo passou, tirando o tempo em que só havia tempo para o futuro.

Aos sessenta ainda se tenta. Valha-me isso (e a poesia).
LNT
[0.193/2013]

Já fui feliz aqui [ MCCXLVI ]

Azulejo
Azulejo (ditos populares) - Lisboa - Portugal
LNT
[0.192/2013]

segunda-feira, 24 de junho de 2013

Podia ter sido nas Caldas

VelhotesPoder, podia, mas não foi e percebe-se porquê.

Se o Conselho de Ministros desgravatado à la mode de Cristas, mas ainda assim não menos formal do que todos os outros (lá estavam as bandeirinhas e os microfones para o comprovarem) tivesse sido nas Caldas, algum dos seguidores de Bordalo teria tido a gentileza de fornecer aos dez ou onze maduros que se sentaram à mesa umas canequinhas mais consentâneas com o sentir que o povo português tem em relação à ginjinha que eles deveriam emborcar.

De resto e em relação ao conteúdo da coisa, se em vez de Alcobaça tivessem optado pelas Caldas, o resultado teria sido praticamente o mesmo.

Um cartapácio com linhas gerais sobre uma reforma do Estado para fingir que é isso que se pretende fazer e não um despedimento cego (e possivelmente selectivo por cor uma vez que até agora se tratou de nomear as chefias para o fazer) de milhares de trabalhadores e a reintrodução do Secretariado Nacional da Informação (SNI), por enquanto sem lápis azul mas com a mesma intenção de divulgação da informação pública e da propaganda política.

Andámos tantos anos a afinar o carrilhão para uma partitura tão fraca. Também pelo badalo dos sinos, nas Caldas não teria sido melhor.
LNT
[0.191/2013]

Já fui feliz aqui [ MCCXLV ]

Lua
Lua 2013.06.23 - Lisboa - Portugal
LNT
[0.190/2013]

quinta-feira, 20 de junho de 2013

Doutrina para o cumprimento dos prazos legais

Bolo ReiRápido, porque se fazia tarde, o mais alto reformado da Nação sacou da caneta e passou as férias portuguesas (o respectivo abono) lá para o final do ano, altura em que os portugueses deverão ser de novo chamados a tapar os buracos decorrentes das más previsões do Governo.

Fica assim concluído mais um processo que andava a minar o consenso do Conselho de Ministros.

Os contribuintes deverão assumir como doutrina estes ensinamentos do moderno conceito do Estado de Direito e fazer o mesmo em relação aos prazos que as leis determinam para o cumprimento das obrigações fiscais?
LNT
[0.189/2013]

Já fui feliz aqui [ MCCXLIV ]

Dinky Toys
Dinky Toys - Por aí
LNT
[0.188/2013]

quarta-feira, 19 de junho de 2013

Le cherneméléon

Camaleão
"C'est son passé maoïste qui resurgit, persifle un haut fonctionnaire, cette méthode a tué la collégialité."
O Le Monde está imparável nos piropos a José Barroso que deixou de ser Durão (para os mais fortes europeus) assim que aterrou em Bruxelas a bordo do vôo das Lages que o catapultou da tanga portuguesa para o pote europeu.

Quem se mete com os franceses, leva, (lá se vai o seguinte mandato...) e Guterres que se ponha a pau se for verdade que está na calha da ONU porque o nosso cherne é especialista, entre outros truques para ganhar a cor dos galhos onde se pendura, em deitar a língua de fora para comer as moscas que, distraídas, vão a caminho do céu. (O Vitorino que o diga)

Como escreveu O’Neill (na adaptação afrancesada contemporânea):
Sigamos, pois, o cherneméléon, antes que venha,
já morto, boiar ao lume de água, (...)
LNT
[0.187/2013]

Já fui feliz aqui [ MCCXLIII ]

Móveis alentejanos
Mobiliário alentejano - Portugal
LNT
[0.186/2013]

terça-feira, 18 de junho de 2013

Os prazeres de Manuela

Olhos MFLNão é por Manuela Ferreira Leite atacar a desastrosa política económica e financeira deste Governo que me sinto na obrigação de a defender. Lembro-me do que disse e fez quando o seu dizer e fazer tinham verdadeira relevância por se reflectirem nas nossas vidas e isso basta-me para que mantenha as maiores dúvidas sobre aquilo que diz agora (felizmente já não tem poder para fazer).

Leio, no Negócios, que Ferreira Leite, que nunca foi pessoa para evitar que os seus ódios pessoais se sobrepusessem aos interesses gerais, revela um dos seus sonhos com a seguinte expressão:

"Teria imenso prazer em que Sócrates tivesse enfrentado a troika"

Percebe-se–lhe o jogo, mas não se pode partilhar dos seus preliminares por variadas razões, de entre as quais se destaca a de que Sócrates defendeu, na altura, que a sua solução não passava pela troika e de que a troika foi imposta a Sócrates (e a todos os restantes portugueses) porque que o adversário interno de Manuela Ferreira Leite, o actual Primeiro-ministro Passos Coelho, se coligou com a esquerda à esquerda de forma a que se pudesse sentar no trono da governação para meter as mãos no pote e para descascar, até à mendicidade, quem vivesse acima daquilo que ele entendia ser as suas (nossas) posses.

Nós também teríamos tido imenso prazer em que Manuela Ferreira Leite tivesse um pouco mais de memória, mas a impossibilidade de ver esse sonho realizado inviabiliza esse deleite.

Nota de rodapé: Não, não mudei de opinião em relação ao que pensava de muitas das acções do Governo anterior. No entanto isso não me impede, tal como na altura também não me impediu de criticar o que tinha para criticar, que seja capaz de escrever aquilo que me parece correcto. Este permanente ataque ao governo anterior para tentar branquear todos os erros e malfeitorias do actual Governo, já mete nojo.
LNT
[0.185/2013]

Já fui feliz aqui [ MCCXLII ]

Cerejas
Cerejas - Portugal
LNT
[0.184/2013]

segunda-feira, 17 de junho de 2013

Sob sequestro

AtentosSabe-se que uma das máximas usadas internacionalmente é a de que não se cede perante actos de sequestro.

Entende-se, principalmente se se entender que essa máxima está redigida no impessoal porque, a ser escrita na primeira pessoa do singular ou do plural, na maior parte dos tempos, passa a ter menor sentido.

Por exemplo, se o sequestrado for qualquer um de nós ou dos nossos ou se for um de nós ou dos nossos o objecto da cedência.

O que também é uma máxima é que os sequestrados, ou os reféns, como quiserem, não têm habitualmente voto na matéria e na grande maioria das vezes não são chamados a pronunciarem-se sobre se querem ser sequestrados ou, depois de terem sido feitos reféns, se preferem que a sua libertação se processe com eles resgatados vivos em resultado de uma negociação, ou com eles mortos por efeito da inacção resultante da aplicação de máximas e de intransigência de quem tinha o supremo dever de os proteger.

É mau chamar reféns aos primeiros prejudicados de uma negociação falhada, que os não sequestra, e onde não é claro se a culpa da falha é partilhada.

Pior ainda é considerar reféns pessoas não sequestradas e confundir contrariedades com a perda da liberdade com a intenção de pressionar a liberdade dos que a têm para contradizer.

Bem vi os "reféns". Uns mais zangados que outros mas quase todos a caminho de uma galhofa qualquer na mesa do café mais perto.

Fossem assim felizes os reféns do universo, incluindo os que são reféns de um Governo que têm por missão empobrece-los.
LNT
[0.183/2013]

Já fui feliz aqui [ MCCXLI ]

CCC
Convenção sobre a Economia e Finanças - Portugal
LNT
[0.182/2013]

domingo, 16 de junho de 2013

Das greves

Dentes Este é o País onde se descobriu que uma greve dos professores prejudica os alunos.

Um dia também hão-de descobrir que uma greve dos médicos prejudica os doentes, que uma greve dos transportes prejudica os transportados, que uma dos canalizadores prejudica quem tem um cano para arranjar e por aí fora...

Hão-de também de descobrir que a greve do governo ao cumprimento das promessas eleitorais e à Constituição prejudica professores, alunos, médicos, doentes, motoristas, transportados, canalizadores e por aí fora...
LNT
[0.181/2013]

sexta-feira, 14 de junho de 2013

João Pinto e Castro

João Pinto e Castro
Queimar o dinheiro que se diz não haver na cara de quem mais dele precisa parece fazer parte do zeitgeist
Só conhecia o João Pinto e Castro destas lides virtuais. Habituei-me a lê-lo na rede e a ler o que ia escrevendo pelos jornais e habituei-me a gostar da sua maneira de dizer o que tinha para dizer.

Colaborei com ele num projecto comum.

Soube hoje que deixou todas as frentes onde o encontrava e senti que tinha perdido mais uma das peças que me ajudam na procura da coerência.

Se na virtualidade já sinto saudade, imagino a de quem que com ele dividiu a materialidade.

Para a sua família fica um grande abraço.
LNT
[0.179/2013]

Cucos

CucoNesta santa sexta-feira lisboeta ainda escorre a gordura das sardinhas que faz o tráfego deslizar sem grande fricção. Mesmo os transportes públicos andam a metade da carga o que proporciona que os megafones de serviço possam debitar de forma mais audível.

Foi o caso daquele, aparentemente irritado, que gritava no Metro das nove e tal os impropérios de quem tinha a noção de colher acordos: "Estes grandes cabrões andam a gamar quem trabalha para encher o bandulho. Cambada de chulos que só descansarão quando conseguirem retirar-nos tudo aquilo que conseguimos com a morte do fascismo".

Perante o olhar ausente dos seus imaginários interlocutores rematava: "Grandes filhos-de-puta, nunca mais voltarei a votar. São todos iguais!" e saiu na paragem seguinte, possivelmente para embarcar na composição seguinte e repetir o número.

Eu, para os meus botões, fiquei a pensar que sim, que o megafone tinha razão nos impropérios e na afirmação de que são todos iguais, embora aqueles que conseguiram atribuir aquilo que estes querem retirar, sejam mais iguais.

Como costumo dizer aos meus amigos mais à esquerda, a diferença entre os PS e eles não se mede em tamanho mas em tempo. O PS implementa medidas que o resto da esquerda combate (muitas das vezes de braço dado com a direita) para que, meia-dúzia de anos depois, as esquerdas à esquerda chamem conquistas a essas medidas e as defendam como suas.

Façam como diz o megafone. Quando chegar a altura, não votem, não, porque eles são todos iguais...
LNT
[0.178/2013]

As férias serão quando o homem quiser

Gato escondidoTodos sabemos que uma das razões que levam o Governo a não pagar agora o subsídio de férias é o simples facto de que ele não será pago ou de que, pelo menos, só será pago em parte reduzida.

Eles já o disseram, distraídos há uns tempos, e não querem voltar a explicar porque, em primeiro lugar, querem deixar claro quem manda (para impor o respeitinho) e, em segundo lugar, para que a populaça se mantenha entretida com a expectativa de receber após as autárquicas e acabe por não traduzir nas urnas a enorme manifestação do desagrado com o saque ruinoso a que está a ser sujeita.

É que Gaspar, embora goste de deixar claro que nunca foi eleito coisa alguma, sabe que a sobrevivência do seu plano passa pelos resultados mais ou menos desastrosos a que esse mesmo plano pode conduzir o Partido que o sustém.

Parte do subsídio de férias ficará retido na fonte (foi isto que foi anunciado na altura) funcionando essa retenção como acerto às tabelas de retenção que estão em vigor e que não contemplam a parcela de rendimentos referente ao subsídio de férias (o que em alguns casos até fará saltar de escalão em sede de IRS).
LNT
[0.177/2013]

Já fui feliz aqui [ MCCLXXXIX ]

Joaninha
O diabo está nas sombras - Por aí
LNT
[0.176/2013]

quinta-feira, 13 de junho de 2013

Entretanto lá fora

MinuetPor muito que me custe, tenho de mostrar agrado pela acção que levou o Presidente da República a Estrasburgo.

Sei que há uma imensa incoerência entre aquilo que lá foi dizer e aquilo que cá diz e faz, mas ainda assim é de louvar que tenha tido a coragem de assumir o seu papel de representante dos portugueses para tapar a ineficiência e a subjugação do Governo, nomeadamente cobrindo a ausência em Bruxelas do papel diplomático do Ministro de Negócios Estrangeiros, da defesa dos interesses nacionais que compete ao Primeiro-ministro e da defesa dos contribuintes que compete ao Ministro Borda d’ Água.

Cavaco conseguiu finalmente sacudir o cheiro de clorofórmio que o vinha a perfumar desde que iniciara o seu processo de auto-embalsamamento.

Pode ser que volte a haver minuet's no palácio já conhecido por jazigo de Belém.
LNT
[0.175/2013]

O longo braço da justiça

Braço justiçaNão sei se as receitas destas acções revertem para os ofendidos mas se assim for, foi encontrada em Portugal a maior fonte de rendimento (pagará IRS?) até agora descoberta.

Basta andar num qualquer transporte público para imaginar essa imensa janela de oportunidade que os nossos detentores de cargos públicos estão a esbanjar, pois não há um só que escape à opinião generalizada dos portugueses.

Principalmente no insulto: “vai trabalhar, malandro!” - tudo o que seja menos de 1.300 euros de multa é pouco. É uma ofensa profundamente inaceitável, principalmente se for dirigida a um reformado que, para manter essa condição e o magro provento que ela lhe trás, está impedido de o fazer (trabalhar, leia-se).
LNT
[0.174/2013]

Já fui feliz aqui [ MCCLXXXVIII ]

Lisboa
Lisboa - Portugal
LNT
[0.173/2013]

quarta-feira, 12 de junho de 2013

Lisboa antonina

ManjericoO que mais gosto nestes dias de vésperas do Santo António de Lisboa é do cheiro a fumo de sardinhas que vem dos pátios de Alfama e o que menos aprecio são as marchas pindéricas que, tarda nada, transformarão a capital no pior do chulé bairrista que são as invejas portuguesas.

Ainda assim tenho pena de não ver a desfilar, a caminho do Tejo, o Coelho de arco e balão / o Portas com os submarinos na mão / o palhaço com o seu narigão / o Alvarinho a dizer que sim e o Gaspar a responder-lhe que não.

Gosto do Santo António de Lisboa. (até tenho uma medalha comprada e benzida no Sacré Coeur que só não uso porque a cicatriz que me deixaram no pescoço ainda desaconselha o fio de prata em que a penduro).

Gosto da minha Lisboa dos contrastes, dos turistas, da arruaça, do fedorin das naus de então que entretanto se continua a espalhar pelos túneis do metro que aqui, ao contrário do Porto, toupeira pelas catacumbas da cidade.

Gosto dos manjericos e das miúdas que neles escrevem quadras de amor. Gosto deste calor que as faz mostrar as carnes e gosto do faducho, património mundial do destino a que nos rendemos.
LNT
[0.172/2013]

Três vezes nove vinte e sete

Movimentos dos dedosPensava que já tudo se tinha esclarecido na Assembleia da República quando a bancada socialista tinha questionado o Governo sobre as razões para não ser pago o subsídio de férias na altura em que a Lei o determina.

Afinal parece que não, que nem tudo está esclarecido e há quem insista que este é mais um caso de má comunicação, mas não é.

A razão para o não pagamento do subsídio de férias este mês faz parte da agenda que o actual poder pretende manter debaixo dos panos.

Não como mão escondida ou atrás do arbusto, mas dentro do nosso bolso.

Quando irá a mão de lá (do bolso) sair com mais uma molhada de notas? No fim do ano, claro, quando se tiver a certeza de que se vai bichanar mais este pecúlio para tapar outro falhanço das previsões gaspar-excelianas.

Vai uma aposta?
LNT
[0.171/2013]

Tudo se vende, nada se transforma

Colaboradora NotaComo os nossos governantes são muito avançados em termos de “para além de” tentando com isso dar lições de vanguarda ao Mundo, espera-se que peguem no exemplo grego e, para além de extinguirem postos de trabalho e desligarem o sinal dos canais estatais de comunicação, façam o mesmo com os serviços de finanças e da segurança social.

Mal por mal, quando repararem que não estão a arrecadar impostos por ter extinguido quem os recolhia (coisa que até não é inédita depois de já se terem habituado a perder receita pela impensada voracidade do agravamento das taxas dos impostos indirectos), deixavam-nos um pouco em paz, pelo menos até ao momento em que uma angolana ou um chinês tomasse conta do negócio e o transformasse em mais uma empresa exportadora de sucesso (neste caso, como noutros já existentes, exportadora de dinheiro).

Se os gregos já estão em black out (falta de irrigação sanguínea do cérebro) pouco falta para que os portugueses entrem em red out (excesso de sangue no cérebro) o que em termos de abordagem é potencialmente mais radical com "as gorduras" do Estado e evita desmaios e desperdícios paliativos.
LNT
[0.170/2013]

A questão do dia

Caneca EuropaO Álvaro mandou bolo-rei para Estrasburgo ou o Rui Veloso foi na comitiva para cantar “já não há estrelas no céu”?

Parece que César estará pronto para repetir a questão: "Até tu, Brutus, meu filho?"
Cavaco Silva afirmou que, durante «demasiado tempo, a atenção esteve concentrada na austeridade para a correção dos desequilíbrios das contas públicas, relegando para um plano secundário o crescimento económico».
LNT
[0.169/2013]

Já fui feliz aqui [ MCCLXXXVII ]

St. António
St. António - Teresa Rezende - Lisboa - Portugal
LNT
[0.168/2013]

terça-feira, 11 de junho de 2013

Em casos desta sorte duvidosos *

Camões
O período mais fecundo é aquele que decorre entre o momento em que se entrega o boletim do Euromilhões e o outro em que sabemos que os números que saíram não são os que registámos.

Esse (entre)tempo de esperança, de adivinhação e de futuro, permite-nos esquecer o presente e fazer o planeamento do imaginário.

É nessa mesma onda de pensamento que nos devemos centrar na discussão do pós-troika, principalmente para disfarçar que nunca se tenha pensado o durante-a-troika.

Se o período durante-a-troika tivesse sido um tempo de reforma e de retoma em vez de ter sido um período de austeridade e de cinza, o pós-troika não estaria em agenda.
LNT

* Os Lusíadas II-7-4
[0.167/2013]

Uma ronca no nevoeiro

RoncaAguarda-se com enorme expectativa o discurso que Cavaco Silva fará amanhã em Estrasburgo.

Fontes geralmente bem informadas deixaram escapar que, depois dos sucessos conseguidos com a destruição da agricultura em Portugal promovida por ele enquanto Primeiro-ministro, que resultou, cinco Primeiros-ministros e 7 Governos depois, numa agricultura viril, moderna e desenvolvida onde não faltam as gadanheiras e enfardadoras previstas no plano quinquenal (a dezoito anos) que ele desenhou, chegou a vez de o Presidente português fazer uma alocução aos europeus sobre a pesca também por si destruída por ser miserável e porque os pescadores cheiravam a óleo de fígado de bacalhau e a tripas de engodo e que agora começa a renascer com traineiras de última geração equipadas com tecnologia de ponta, manobradas por engenheiros hidráulicos de olhos azuis e hálito fresco e perfumados com Patchouli, desenhadas especialmente para manobrarem em tanques de piscicultura.

Adivinha-se ainda que nesse discurso sejam apontados os sucessos conseguidos também na alimentação dos portugueses, em virtude do abandono da pesca de espécies selvagens, quantificados em estatísticas referentes ao fast-food em consumo e ao aumento da obesidade infantil.

Em Estrasburgo não se dorme há três dias com a emoção.

Melhor notícia do que esta só a de que Gaspar acertou pela primeira vez nas previsões quando se confirmou que os seus falhanços decorreram dos elevados riscos de incerteza que tinha previsto.
LNT
[0.166/2013]

Já fui feliz aqui [ MCCLXXXVI ]

Conceição
Conceição - Algarve - Portugal
LNT
[0.165/2013]

segunda-feira, 10 de junho de 2013

Dia de Portugal

Bandeira de Portugal
Sinto-me perdido neste dia de Portugal em que não consigo descortinar uma réstia de estadismo em qualquer um dos órgãos de soberania.

Tudo se reduz ao acerto de contas antigas e ao puxar do lustro aos galões.

O mais alto magistrado de uma Nação que, ou está desempregada, ou emigrada, ou confiscada, faz um discurso digno de um Ministro da Agricultura, tentando puxar para si os louros de algum sucesso que só foi atingido pelo empreendedorismo de alguns privados que se tiveram de bater contra a destruição do sector primário decretada pelos executivos, que ele então liderou, para obterem em troca rendas comunitárias para o betão e obras de fachada.

Para os portugueses, nada.

Nem uma palavra, nem um alento, nem uma vontade ou um desejo.

Foi um Dia de Portugal dedicado às fronteiras e ao espelho onde as pessoas não couberam, onde não coube o povo português.
LNT
[0.164/2013]

domingo, 9 de junho de 2013

Ou é tolo, ou é bailarino

SaposMarques Mendes volta à idiotice. Diz que o grande adversário do Governo é o Tribunal Constitucional, forma encapotada de desculpabilização dos dislates e erros crassos do actual poder e atribuição de culpas a um órgão que não tem qualquer responsabilidade do estado miserável a que o Governo está a conduzir o País e que mais não fez do que proteger os cidadãos do incumprimento das Leis que nos regem.

Marques Mendes, homem das leis, deveria ser mais comedido no disparate e mais coerente com a formação que tem. Até Cavaco, que se assumiu há muito como o patrono de Passos Coelho, Gaspar e Portas, não teve alternativa a enviar a ilegalidade aprovada na Assembleia da República ao tribunal que a poderia julgar. Não por esse tribunal ser “um adversário” mas por ser o último recurso na defesa do Estado de Direito.

A propaganda continua de vento em popa, mesmo quando dissimulada com um ou outro recado para se disfarçar daquilo mesmo que é.

Enquanto isto, o Presidente da República anda por terras do Alentejo, a ouvir das boas do Presidente da Câmara de Elvas e a continuar na senda do apelo à união nacional, nas comemorações que ele há uns anos entendeu ser as do dia da raça.

Portugal merecia melhor.
LNT
[0.163/2013]

Já fui feliz aqui [ MCCLXXXV ]

Sardinhas
Festas 2013 - Lisboa - Portugal
LNT
[0.162/2013]

sábado, 8 de junho de 2013

A teia da debilidade

Teia de aranhaChamar reforma da Administração Pública a despedimentos na Administração Pública é mais uma das muitas patranhas desta gente que tomou o poder e que apelida de requalificação uma ensaboadela de vaselina para fazer os funcionários, depois de emagrecidos, passarem pelo buraco da agulha sem dar nó na ponta da linha sabendo que ela se vai soltar sem conseguir a cerzidura.

Esta gente que usa a língua portuguesa de acordo com uma ortografia tão bronca que teve de ser imposta por lei, usa também os significados dessa mesma língua de forma tão liberal como a doutrina que a rege.

A tal requalificação que se pretende ter como reforma sem se reformarem primeiro as organizações para se saber o quê e para que requalificar, deve querer fazer calceteiros de engenheiros, ardinas de doutores, cantoneiros de embaixadores e serventes de médicos (e vice-versa).

Esta gente está doente. A doença é degenerativa e não se prevêem melhoras. Precisa de cuidados intensivos que os menorizem da debilidade e nos salve da teia mortal com que, cada vez mais, nos enredam.
LNT
[0.161/2013]

Já fui feliz aqui [ MCCLXXXIV ]

Botero
Botero - Palácio da Ajuda - Lisboa - Portugal
LNT
[0.160/2013]

sexta-feira, 7 de junho de 2013

It’s raining cats and boys

Cats and dogs
Está tudo explicado.

Em Portugal tem chovido “cats and dogs” e isso faz com que o desemprego aumente, as receitas baixem embora as taxas dos impostos se inflacionem, as empresas se afoguem em tanta água, as reformas vão de enxurrada e o PIB e o défice entrem em espiral na sequência da baixa pressão que há dois anos insiste em cavar-se a norte dos Açores.

Sobre os “cats” estamos conversados. Já sabemos pelo diário da Assembleia da República que dão pelo nome de Gaspar.

Sobre os “dogs” ainda nada se disse mas podemos imaginá-los se substituirmos o inglesismo por “boys”. Uns porque parecem mastins com os cidadãos menos influentes e os outros por serem tão dóceis com os donos.
LNT
[0.159/2013]

Dos medos

AmarradoJá se verificam entradas nas redes sociais com perfis falsos (e que desaparecem de imediato às sevícias) a mandarem "ter tento" a quem escreve o que lhe vai na alma. Anónimos, sem perfil e escorregadios como eram aqueles crápulas que se sentavam à sorrelfa na mesa do lado da Suprema para apontarem a dedo, em troca das trinta moedas, os outros que nunca se escondem.

Havia cuidado nessa altura, mas nunca houve medo e não haverá também agora, num tempo em que quem deveria ter tento é quem se faz eleger com um falso programa eleitoral para, depois de eleito, fazer o contrário daquilo a que se comprometeu.

É que o respeito, ao contrário do respeitinho, ganha-se, não se impõe nem se consegue com ameaças veladas e se as instituições pretendem ser respeitadas têm de iniciar o processo por respeitarem aqueles que servem.

Sem medo continuarei a escrever enquanto não me calarem e utilizarei do mesmo desprezo em relação aos poderes instituídos que esses poderes utilizam em relação às leis que nos regem e aos cidadãos cumpridores.
LNT
[0.158/2013]

Já fui feliz aqui [ MCCLXXXIII ]

Xutos
Xutos e Pontapés - Portugal
LNT
[0.157/2013]

quinta-feira, 6 de junho de 2013

Mitologias

Fénix RenascidaPassos Coelho foi ontem à Amadora, em campanha eleitoral, para anunciar que o seu PSD está preparado para perder estas e todas as seguintes eleições. Não deixa de ser interessante verificar que escolheu para local do anúncio exactamente o concelho onde perdeu, ainda em tempos de vacas gordas, sem honra nem vergonha as eleições que o seu Partido lhe havia confiado.

Desta vez pendurou-se na sua mentira preferida, afirmar que nunca mente, para justificar a derrota anunciada. Como todos os fundamentalistas gritou aos sete ventos que o caminho que nos pôs a trilhar não tem retorno e que havemos de atingir a redenção ainda que para tal seja necessário sucumbir.

O ilimite da sua imbecilidade junta o devaneio alucinado de se julgar o profeta da salvação com a fantasia de que só a morte tem efeitos purificadores.

Foi assim que informou que "os portugueses são vistos agora como trabalhadores, cumpridores e honrados", sem revelar as fontes em que se baseou para esta máxima constatação e fazendo crer que antes o não eram.

Coelho seguirá a sua cruzada de destruição convencido de que, das cinzas e quando nada mais houver para destruir, há-de renascer como Fénix. Esquece-se que nem ele é uma ave, nem a Amadora é Heliópos e esquece-se também que a pitonisa que lhe serve de bengala diz-se democrata-cristã nada fazendo crer que esteja disponível para se oferecer à pira em sacrifício a deuses pagãos.
LNT
[0.156/2013]

Já fui feliz aqui [ MCCLXXXII ]

Alentejo
Agricultura - Alentejo - Portugal
LNT
[0.155/2013]

quarta-feira, 5 de junho de 2013

Há mais vida para além da política

TerraAndava para aqui às voltas para fazer um Post que não falasse de política, até porque hoje é um dia negro para a política portuguesa, e caiu-me no regaço (ou no colo, como gosta de dizer o Santana Lopes) uma matéria relacionada com assuntos completamente diferentes.

Descobri que a Janita que aqui comenta tem um nome e um perfil amigo no FB, o que me fez corar de vergonha por nunca ter associado as duas coisas. Isto não é próprio de um barbeiro, quase coiffeur, e merece penitência (mais do que aquela que Passos, Gaspar e Portas entendem que nos tem de ser aplicada). A nossa vida imaterial, virtual, ou lá o que é, merecia que fossemos mais atentos e menos descuidados com a nossa digitalização. Como se já não chegasse termos deixado de lado os álbuns de fotografias para passar a tê-las em pastas de arquivo na directoria das fotos, tendo assim perdido a oportunidade de massacrar aquelas visitas que não víamos há uns anitos e que de repente aparecem do nada para um jantareco ligeiro lá em casa.

A outra matéria de grande importância e que me deixa aliviado por não ter de falar de política nem destes miseráveis que há dois anos tomaram o País de assalto para massacrarem o povo que neles não votou (foram para a praia, para o laréu, ou para o que quer que tenha sido, mas não tiveram um minuto para “botar” o papelinho na caixa que elegeu esta estuporada gente) e os outros que votaram em promessas completamente diferentes da política que eles têm feito, adveio do “já fui feliz aqui” anterior, no qual a Maria C. Bruno, na virtualidade facebookiana, deixou um comentário a dizer que “Uma boleia deles para longe, muito longe, sabia bem. Visto à distância, tudo devia ser menos arrepiante”. Estava-se a referir a uma boleia à estratosfera para nos dar descanso destes marcianos que resolveram aterrar para as bandas de Belém e São Bento e eu concordo com ela. A coisa vista do lugar de onde esta gente veio para tomar o poder há dois anos deve ser muito mais azul e redonda. E no meio de tanto lixo que anda por lá em rotação nem se deve dar por eles a rodarem também.

Pronto, um Post sem a política do costume. Agradecido às minhas musas inspiradoras. Bem-hajam!
LNT
[0.154/2013]

Já fui feliz aqui [ MCCLXXXI ]

NASA
NASA - Florida - USA
LNT
[0.153/2013]

terça-feira, 4 de junho de 2013

Deixem-nos falar, porra!

PapagaioNão deixar falar publicamente os governantes é não reconhecer o direito constitucional à palavra o que constitui um crime, no mínimo tão grave como o que esses governantes cometem cada vez que violam as restantes normas constitucionais de forma a manterem os seus governados calados por estrangulamento fiscal ou por asfixia de direitos.

O acto afigura-se especialmente criminoso no caso de se tentar silenciar um governante mancebo, embora Maduro, que ainda não teve o rasgo de produzir malfeitorias e que mais não fez do que falar para os jornais e para as televisões.
LNT
[0.152/2013]

Dia nacional do confisco

Moedas EuroTeoricamente hoje dever-se-ia comemorar, em Portugal, o dia da libertação dos impostos.

Diz quem se debruça sobre estas coisas que só a partir de hoje os portugueses conseguem ganhar (os que ainda têm trabalho e ganham) o salário para os seus gastos pessoais tendo, desde o dia 1 de Janeiro e até agora, recebido o montante anual para o pagamento da honra de habitar no espaço nacional.

Não conheço bem a incidência sobre a qual os estudiosos compilaram estas conclusões, mas pelo que vou lendo, as contas contemplam só os impostos directos (se não forem só os saques sobre os rendimentos do trabalho). A assim ser, há ainda muitos mais meses de confisco cobertos pelos 23% de IVA e pelas outras mãos avulsas como, por exemplo, por aquelas que nos entram no bolso para pagamento de uma “renda de casa” (o IMI) decorrente de termos património próprio sobre o qual já pagámos outras alcavalas.

O insaciável Estado que sustentamos e que cada vez devolve menos pelo mais que cobra, não nos dará tréguas de libertação, até porque os seus governantes continuam a aumentar o diâmetro dos rombos no fundo do pote.

Se queriam como feriado “o dia da libertação dos impostos” podem tirar daí o sentido.

Afinal, o que interessam as coisas terrenas a um País de tradição cristã que ignora o espírito encarnado do Senhor, ou a um País independente que mandou trabalhar a plebe no dia em que comemorava a defenestração dos ocupantes?
LNT
[0.151/2013]

Já fui feliz aqui [ MCCLXXX ]

Feira do Livro
Feira do Livro - Lisboa - Portugal
LNT
[0.150/2013]

segunda-feira, 3 de junho de 2013

Jean Stapleton


Para sempre agradecido pelos bons momentos que Edith me deixou. A inteligência pelo riso é muito mais do que a esperteza séria de muitos saloios.
LNT
[0.149/2013]

Das mula ruça

Burro com capaAqui há muitos anos, no século passado, quando andava a adquirir uma habilitação literária e profissional para confirmar a aptidão para o trabalho que desenvolvia tive um professor na cadeira de LCP que afirmava e fazia decorar que em computação aquilo que se fazia uma vez repetia-se ad vitam æternam com as mesmas características.

A teoria era verdadeira mas tentei convencê-lo a explicar de que esta teoria só por si podia levar os meus colegas de turma e futuros de profissão a erros gravíssimos de implementação.

A questão teria de ser equacionada em conjunto com uma panóplia de variáveis sendo que, principalmente, a frequência, o processador, a largura de banda, a quantidade de utilizadores e a simultaneidade (sim, sim, sei que não existe tal coisa mas existe o tempo de espera para que ela não exista) poderiam tornar essas rotinas inviáveis por não se processarem em tempo útil.

A coisa complicou-se e a nota na disciplina penalizou a ousadia. Ficou-me de memória e, ainda hoje, quando faço determinadas afirmações demasiadamente teóricas tento ouvir quem, por já ter construído, me pode ajudar a aperfeiçoar o raciocínio e a equacionar as condições.

Isto para dizer que, provavelmente, tudo correria melhor na governação do País se, em vez de se contratarem teóricos que nunca construíram qualquer solução, se optasse por recorrer a gente com provas dadas e resultados práticos comprovados.
LNT
[0.148/2013]