segunda-feira, 28 de julho de 2008

Botão Barbearia[0.630/2008]
Pero que las hay, las hayMorcego

Sempre que alguém fala de corrupção cai o Carmo e a Trindade neste País onde, tal como com nas bruxas, ninguém acredita.

Se quem faz a denúncia não aponta casos concretos, erguem-se bastiões e espetam-se indicadores na tentativa de denegrir quem a prenuncia, esquecendo-se que as denúncias públicas (e/ou publicadas) devem ser tratadas, que é para isso que dispomos de polícia com os meios de investigação.

MorcegoJoão Cravinho voltou a denunciar e, em vez de serem levantados os processos de investigação, levantaram-se os processos de intenção. Não faltou quem lhe lembrasse que tinha deixado cair a luta travada em tempo e que agora não tinha moral para voltar à carga, como se na altura João Cravinho não tivesse feito tudo o que estava ao seu alcance e não o tivessem barrado.

MorcegoEntretanto, quanto à denúncia pública, ninguém agiu. Quem tem de accionar os processos ficou mudo e quedo como se nada houvesse e as bruxas, em que ninguém acredita, lá continuam nos seus bruxedos, impunes, escondidas no feitiço que se aplica a quem nelas não acredita, mas que sabe existirem.
LNT
Rastos:
USB Link
-> Vox Pop - Paulo Gorjão - Shoot to kill
-> Hoje há conquilhas, amanhã não sabemos - Tomás Vasques - Corrupção

-> Vox Pop - Paulo Gorjão

6 comentários:

contradicoes disse...

Continuam a registar-se neste País sinais exteriores de riqueza de autarcas, alguns políticos e também funcionários públicos. Isso não tem servido de base para incriminar aqueles que apresentam sinais exteriores de riqueza pese embora não consigam provar a proveniência de tão elevados rendimentos tendo em conta as remunerações que recebem pelo exercício das suas funções. Ou seja todos aqueles que vendem cabritos e não têm cabras que os tenham parido deveriam à partida ser constituídos arguidos em processo crime porque de algum lado lhes vem. Mas como a justiça em Portugal premeia os corruptos e os corruptores estes vão aumentando
porque não têm nada a temer.

jpt disse...

A "situação" devora os seus próprios filhos - é assim a frase histórica, não é?

Anónimo disse...

Eu acho muito bem que o Engº Cravinho venha denunciar o crescimento da corrupção, mas também acho que se ele tem os dados que lhe permitem medir esse crescimento deve entregá-los às autoridades para que estas investiguem.

Atenção, não estou a dizer que se deveria calar e não falar genericamente. Estou a dizer que deveria entregar esses dados às autoridades. Como cidadão é a sua obrigação. Eu se tivesse esses dados entregava-os às autoridades, não me limitaria a dizer nos média que os tenho.

WR

jpt disse...

Comentário epistemológico:

eu vivo num país onde sei que há corrupção. Sei de vários casos de corrupção. Sei de várias pessoas que praticam corrupção. Activa e passiva. Conheço alguns que a praticam. E que até o reconhecem.
Leio livros, relatórios e até jornais onde se fala, com particular detalhe, de casos de corrupção. E, muito mais do que casos de corrupção, do cenário de "corrupção", de manipulação privada (que não individual) dos recursos públicos e sociais. Ouço e vejo os casos individuais, colectivos. E o processo global.

Posso falar na situação de "corrupção" existente no meu país de imigração. Interpretar.

Não tenho um único dado passível de ser entregue na justiça. Um único. Mas tenho, e até profissionalmente, trabalhado com o conceito abrangendo a realidade.

Arenga para: o comentário de WR é de um "juridismo" (se é que isto existe) radical, um positivismo inaceitável. Entendido à letra - e merece-o, pois é uma ideia literal - implica que o discurso analítico do real é monopólio das instâncias inquiridoras. No caso policiais.

Lateralmente: acima comentei, em registo jocoso, a "situação devora os seus próprios filhos". Biso, retirando o jocoso.

Mas é lateralmente. Porque nem é a aparelhização dos deputados (ex. alberto martins), nem a crispação do actual poder que é o verdadeiro assunto.

É a visão do mundo. Policiada pelo mito da "objectividade". Aqui no seu avatar de "prova jurídica".

Luís Novaes Tito disse...

Agradecido, JPT.

Iria escrever isso (não tão bem como o meu caro Comendador, por não ter a sua arte, mas iria dar ao mesmo).

O meu vizinho WR anda muito alinhado, o que só lhe é benéfico e o que lhe fica bem, visto pelo ângulo certo, isto é, pelo ângulo côncavo do poder.
Não é que lhe fique mal, repito, mas gostava mais quando ele era mais rebelde, menos "ah, e coisa e tal..." Dava mais alegria à rua!

Um abraço para os dois.

Anónimo disse...

Caros ex e sempre colega e actual e sempre vizinho,

A única coisa que digo e sublinho é que se eu digo que a corrupção está a crescer é porque tenho dados objectivos de que ela está a crescer. Então, porque não me dirijo à PGR?

Se eu digo que a corrupção está a crescer porque este mês ouvi falar de mais três casos do que no mês passado, então eu não posso afirmar por aí que a corrupção está a crescer.

Não estou a contrariar o que disse o Eng Cravinho, porque não tenho dados para o contrariar, mas era bom que quem fala destes assuntos porque domina os dados, os desse a conhecer.

O discurso analítico se é feito com base em algo que está empiricamente demonstrado (até prova em contrário) deve ser afirmativo. Se é hipotético, ou resulta de percepções, deve ser acompanhado de: parece-me, tenho a percepção que. E isto não são meras questões linguísticas.

Só isso.

Quanto aos 'alinhamentos', é impressão do meu caro vizinho. O facto de o meu caro vizinho estar mais vezes em desacordo com o governo do que eu, não quer dizer que eu esteja de acordo com todas as medidas do governo, ou posições do PS. Note-se que não fiz qualquer referência às afirmações do deputado Alberto Costa. Não misturemos os planos.

Dois abraços:

Um para o fundo da rua e outro para o outro lado dos mares.

WR