sábado, 5 de julho de 2008

Botão Barbearia[0.557/2008]
Nota sobre os comentários deixados neste estabelecimentono barbeiro

Há matérias sobre as quais qualquer escrito nos blogs fazem disparar a turma dos repetentes da Soeiro Pereira Gomes munidos de textos copy/paste que alguns dos seus controladores lhes disponibilizam com a ordem de trabalho.

Já se sabia que os artigos sobre Ingrid Betancourt não ficariam imunes à cáfila, sempre anónima ou com pseudónimo não detentor de blog próprio, como aliás já há uns anos é prática na defesa do bando terrorista dos narcotraficantes das FARC.ep que em Setembro deverão de novo andar pelas bandas da Atalaia possivelmente perdidos entre as bebedeiras e os xutos que por lá se curtem durante três dias.

Nem sequer são ignóbeis estes caciques das amplas liberdades, porque não conseguem ir além da demência militante para a qual os métodos de lavagem ao cérebro continuam a ser paliativos dos centros de reeducação ou das prisões por delito de opinião.

Neste estabelecimento as caixas de comentários podem suportá-los, ou não, conforme o seu autor estiver para aí virado e o facto de os poder vir a apagar não será nunca um acto de censura, mas só de higiene.
LNT

27 comentários:

Joana Lopes disse...

Já tinha pensado comentar isto num dos seus outros «posts».

Também eu fui assaltada pelo «copy/paste» (mais de uma vez)e, como disse por lá ao V. Dias, já não pensei que fosse possível existir tal tipo de proselitismo. Continuam, mas deixei de responder. Não apago - talvez sirva para elucidar alguns incautos.

Luís Novaes Tito disse...

Cara Joana
às vezes sou tentado a pagá-los porque eles são colocados propositadamente (basta ver a extensão) para inviabilizarem os outros comentários que estão escritos. São técnicas velhas de gente que mesmo nova é sempre velha.
Não tenho apagado porque me parece que estes comentários servem como exemplo vivo dos métodos que estes "democratas" usam. Quem quiser fica assim apto a constatar ao que eles vêm.

Anónimo disse...

Realmente não me parece que citar alguns links que apresentam uma visão diferente da questão sejam propriamente"proselitismo". São apenas uma forma de exercer o debate contraditório. Afinal não é para isso que servem as caixas de comentários?
Afinal começamos a ver que neste caso nem tudo é tão simples e evidente como nos querem fazer crer (sosseguem que não vou deixar aqui nenhum link nem copy+paste)
Também não compreendo como há democratas que à volta deste caso estão tão empenhados (muito justamente, sem dúvida) e ao mesmo tempo fingem ignorar a violencia que diariamente se abate sobre o camponeses da Colômbia, os milhares de camponeses e sindicalistas assassinados pelos esquadrões da morte, as ligações mais que provadas desses esquadrões aos círculos intimos com Alvaro Uribe (mesmo familiares), a relação antiga de Uribe com o cartel de Medellin e outros casos igualmente graves. Este "duplo-padrão" é que é motivo para reflectir.

Anónimo disse...

"São apenas uma forma de exercer o debate contraditório. Afinal não é para isso que servem as caixas de comentários?"

Como vê, Traineira de Matosinhos, o dono do blog (e outros donos de blogs) ficariam muito mais felizes se não houvesse cidadãos que exercessem o seu direito ao contraditório. Mas há. Há cidadãos neste país que exercessem o seu direito ao contraditório. E ainda bem, digo eu.

Anónimo disse...

Corrigindo: Há cidadãos neste país que exercem o seu direito ao contraditório. E ainda bem, digo eu

Luís Novaes Tito disse...

Se você acha que isto é o contraditório...

Já agora gostava de saber onde está o seu Blog para que eu possa ir lá fazer o contraditório, ou será que o seu controlador o proibe de ter um, como acontece, por exemplo, em Cuba?

jpt disse...

LNT o contraditório não é exercido apenas por quem tenha um blog. Para o ser basta ser assinado. Mas vindo de uma "traineira de matosinhos" (ou outro algures) é mero escabeche.

Anónimo disse...

Sempre é melhor o escabeche que certas caldeiradas...

Anónimo disse...

Além do mais, e mesmo para terminar, pergunto: FIDEL CASTRO também está ao serviço dos americanos, como disse deste comentador um... anónimo ontem?? Também lhes obedece?... Após a libertação de Ingrid Betancourt, Fidel Castro disse que se congratulava com essa libertação e que a luta dos povos pelos seus direitos e contra a opressão capitalista não deveria fazer-se pela captura de reféns inocentes.
Notícia da Libertação de Ingrid no jornal GRANMA, órgão oficial do Partido Comunista Cubano:
http://www.granma.cu/espanol/2008/julio/vier4/ingrid.html

e
http://www.diariometro.es/es/article/efe/2008/07/04/596383/index.xml

e ainda, se os contestadores ANÓNIMOS de mentalidade infantil, sofista e analfabeta, conseguirem ler espanhol (castellano) aqui estão as declarações de FIDEL CASTRO !!
"Por elemental sentimiento de humanidad, nos alegró la noticia de que Ingrid Betancourt, tres ciudadanos norteamericanos y otros cautivos habían sido liberados", dijo Fidel Castro en un artículo de reflexiones difundido hoy en la página web cubadebate.

"Nunca debieron ser secuestrados los civiles, ni mantenidos como prisioneros los militares en las condiciones de la selva. Eran hechos objetivamente crueles", agregó el líder de la revolución, convaleciente de una grave enfermedad desde julio de 2006.

Fidel Castro, que abandonó en febrero pasado su puesto tras casi medio siglo en el poder, consideró que "ningún propósito revolucionario lo podía justificar" y agregó que "en su momento, será necesario analizar con profundidad los factores subjetivos".

"Ingrid Betancourt, debilitada y enferma, así como otros cautivos en precarias condiciones de salud, difícilmente podrían resistir más tiempo", afirmó.

Señaló que en Cuba triunfó la revolución "poniendo de inmediato en libertad y sin condición alguna a los prisioneros".

"Entregábamos a la Cruz Roja Internacional a los soldados y oficiales capturados en cada batalla, ocupando solo sus armas. Ningún soldado las depone si lo espera la muerte o un tratamiento cruel", añadió.

Castro recordó el papel del embajador de Cuba en Venezuela, Germán Sánchez, en la entrega en enero pasado a la Cruz Roja Internacional de Clara Rojas, compañera de fórmula de Betancourt, y la ex congresista Consuelo González, quienes también permanecía en poder de las Fuerzas Armadas Revolucionarias de Colombia (FARC).

"Se abría un capítulo de paz para Colombia, proceso que Cuba viene apoyando desde hace más de 20 años como lo más conveniente para la unidad y liberación de los pueblos de nuestra América", destacó.

El ex presidente cargó contra Washington, al referirse al bombardeo de un campamento de las FARC en territorio ecuatoriano, y acusó a Estados Unidos de tratar de "explotar" la liberación de los secuestrados.

"Observamos con preocupación cómo el imperialismo trata de explotar lo ocurrido en Colombia para ocultar y justificar sus horrendos crímenes de genocidio con otros pueblos", señaló, tras añadir que Washington trata de desviar la atención de sus planes intervencionistas en Venezuela y Bolivia.

El Ejército de Colombia rescató el miércoles a Betancourt, a los estadounidenses Thomas Howes, Keith Stansell y Marc Gonsalves y a once policías y militares en un operativo denominado "Jaque".

En esa operación fueron detenidos, además, dos de los guerrilleros de las FARC que mantenían al grupo de secuestrados."

Fim de citação. Com que então... FIDEL CASTRO... lacaio dos americanos. Acreditem que me fizeram rir.

Anónimo disse...

Ingrid Betancourt em liberdade

Após seis anos de cativeiro na selva, é motivo de justa satisfação o regresso à liberdade de Ingrid Betancourt, ex-candidata presidencial colombiana.O resgate de Ingrid Betancourt coloca em evidência a gravidade da situação em que se encontram centenas de prisioneiros na posse da guerrilha e nas prisões do regime de Álvaro Uribe e a necessidade de encontrar uma solução humanitária.Assinale-se que, sistematicamente, o Governo da Colômbia tem vindo a sabotar negociações, mediadas por responsáveis de diversos países, no sentido da troca de prisioneiros entre as partes do conflito.Os complexos problemas em presença na Colômbia, exigem uma solução política e negociada de um conflito que se arrasta há mais de 40 anos, indissociável de um regime que promove o agravamento da exploração, da repressão e das perseguições, incluindo milhares de assassinatos e brutais torturas, fortemente condicionado pela ingerência política e militar da administração norte-americana.A necessidade de uma solução negociada para o conflito na Colômbia, torna-se ainda mais urgente num quadro em que os EUA o procuram radicalizar e instrumentalizar, como justificação para o reforço da presença de forças militares e como forma de desestabilização da região e dos países que a integram, com risco de escalada militar e ameaça à paz.

Nestes termos, a Assembleia da República:
1- Congratula-se pelo regresso à liberdade de Ingrid Betancourt.
2- Exprime o seu desejo de que a liberdade de Ingrid Betancourt possa contribuir para um caminho de paz para a Colômbia.
3- Apela às partes envolvidas para que encetem negociações no sentido da libertação de todos os prisioneiros.
4- Valoriza todos os esforços orientados para alcançar uma solução política negociada.
5- Apela às partes para que se empenhem na busca de uma solução política negociada do conflito, que dura há mais de quatro décadas.
6- Manifesta-se pelo respeito da soberania do povo colombiano na definição dos destinos do seu país.

Assembleia da República, 4 de Julho de 2008

Voto de Congratulação apresentado pelo grupo parlamentar do PCP e que teve os votos CONTRA do PS, PSD, CDS-PP e BE.

Zé Paulo Gouvêa Lemos disse...

Mas será que não uma evidente diferença entre um prisioneiro militar / guerrilheiro e um sequestrado cívil?
Sequestrar cívis para negociar posições militares / políticas cabe ainda no Séc. XXI? Só na cabeça de falsos esquerdistas.
Zé Paulo

Zé Paulo Gouvêa Lemos disse...

Mas será que não HÁ...

Anónimo disse...

Claro que há, quer entre os que estão reféns na selva quer entre os que estão reféns nas masmorras de Uribe. No entanto a prioridade foi pela libertação de 14 militares (incluindo 3 dos USA) e uma civil, em plena campanha eleitoral presidencial.

E entre as centenas de sindicalistas assassinados pelo regime de Uribe - este ano já vai em 17! - não me consta que houvesse algum militar, eram mesmo todos civis.

Luís Novaes Tito disse...

Oh anónimo,
Você está distraído. O seu controleiro não o mandou fazer um copy/paste de 30 em 30 segundos?

Já nos deve dois copy/paste, despache-se.

Anónimo disse...

Eram mesmo todos civis os sindicalistas que o Uribe tem vindo a assassinar.

Anónimo disse...

Não há dúvida que há malta que não aprende a viver em democracia. É o caso de alguns dos militantes do PCP. Em tempos já votei neles, agora, com os ataques e insultos dos profs comunistas a Sócrates nunca mais. Parabéns pelo Blogue.
Vladimiro Ferreira

CPrice disse...

"São técnicas velhas de gente que mesmo nova é sempre velha." .. nem mais Caro LNT .. e a sua honestidade continua a ser um dos motivos que me traz aqui diariamente.

Cumprimentos.

Anónimo disse...

O mais engraçado é os velhos saudosistas da manif soarista da Alameda pensarem que as suas ideias são novas. E até honestas...

Zé Paulo Gouvêa Lemos disse...

Anônimo,

Transparência em um debate é honestidade democrática.
Os prisioneiros que a FARC quer trocar com Uribe com os seus sequestrados (na maioria civis, do contrário não seriam sequestrados e sim prisioneiros), são participantes das Farc, alguns deles peças chaves do grupo, e não sindicalistas.
Não sei o que o PCP e os amigos da Farc vendem por aí, mas aqui no Brasil, embora também eu não goste do Uribe, as notícias talvez não cheguem tão filtradas e as consequências dos atos deste retrógrado grupo guerrilheiro percebem-se no nosso dia a dia com a estrutura do narcotráfego infiltrada no tráfego brasileiro, onde mortes diárias, estatísticamente maiores que em muitos países em guerra, me façam acreditar e ver as coisas bem diferente de você.
Há que ser socialmente honesto para se entender que um grupo que se alimente da desgraça alheia não pode ter o apoio popular, por mais que eu não goste de um homem de direita, como o Uribe, e até já tenha tido o meu tempo das "passas".
Zé Paulo

Luís Novaes Tito disse...

“O mais engraçado é os velhos saudosistas da manif soarista da Alameda pensarem que as suas ideias são novas. E até honestas...”

Contraditório:

O mais engraçado é os velhos saudosistas da União Soviética pensarem que as suas ideias ainda são novas e tão desonestas como eram antes da implosão do Muro de Berlim.

Mas verdadeiramente engraçado é saber que a manif Soarista varreu os retrógrados estalinistas para baixo dos escombros do Muro de Berlim e que a União Soviética nunca será mais do que saudosismo inconsequente.

Anónimo disse...

O delirante é que os saudosistas soaristas de 75, coitados, nem percebem que já estamos no século XXI, que a URSS já se foi quase há 20 anos. E andam tão entretidos com vitórias passadas que nem se dão conta que certas moengas cada vez menos convencem menos. Abram os olhos e reparem que já estamos mesmo no século XXI. Não é pedir muito... actualizem-se, vá!

Anónimo disse...

Aqui vai o voto que o partido do LNT o PS, juntamente com PP, PSD, e BE aprovou na 6ª feira passada:

"1.A Assembleia da República congratula-se com os esforços da comunidade internacional, em particular da América Latina, da União Europeia, dos USA, da Cruz Vermelha Internacional, de muitas ONG's e das próprias Forças Armadas colombianas que, ao longo dos anos, lutaram pela libertação dos reféns das FARC, em particular de Ingrid Betancourt.


2.A Assembleia da República acompanha a União Europeia na denúncia das FARC como organização terrorista, financiada pela extorsão, pelo roubo e pelo tráfico de droga.


3. A Assembleia da República continuará a defender intransigentemente a liberdade, os direitos humanos, repudiando a actividade das FARC como de qualquer outra organização terrorista, apelando à libertação de todos aqueles que ainda se mantém presos por este grupo terrorista e congratulando-se, hoje, com a libertação de Ingrid Betancourt e dos restantes reféns."



Claro que bem podiam congratularem-se à vontade com a libertação da Ingrid Betancourt, mas escusavam de branquear o regime proto-fascista de Uribe. Por isso mesmo nunca podiam votar a favor do voto do PCP. E é por isso que andam com tão má consciências nestas mesquinhas invenciocines contra quem se congratulou com a libertação da Betancourt mas não pactuou com o branqueamento do regime de Uribe.

Luís Novaes Tito disse...

Muito obrigado anónimo.

Agora já durmo mais sossegado e já percebo o seu ponto de vista que pelos vistos é de que um bando terrorista narcotraficante deixa de o ser se se condenar o regime de Uribe.

Sempre a aprender,

Anónimo disse...

7 DE JULHO DE 2008 - 13h27
Elaine Tavares: Ingrid, as Farc e os Estados Unidos

Os Estados Unidos, ainda mergulhados numa crise sem fim no Iraque, não abrem mão do que acredita ser seu direito de intervir na vida dos países latino-americanos. Agora, num típico arranjo aos moldes da CIA, acaba de ajudar o governo de Álvaro Uribe a libertar Ingrid Betancourt, seqüestrada desde há anos pelas Farc.

Por Elaine Tavares, para a Agência Carta Maior



O anúncio da libertação da ex-candidata presidencial, juntamente com outros reféns estadunidenses, beira aos efeitos especiais de filmes como Rambo e Duro de Matar. Como sempre, é o mito do herói americano sendo reforçado. Mas, é bom lembrar que são figuras "míticas" como Rambo ou o personagem de Bruce Williams as responsáveis por rios de sangue como os provocados na queda de Salvador Allende, nas ditaduras argentina, brasileira e haitiana ou nos milhares de golpes de Estado que já aconteceram nesta "nuestra América", sempre capitaneados pelos interesses econômicos dos Estados Unidos.

Na Colômbia não é diferente. Desde que o país entrou na era republicana, pós-independência, o pendor de sua elite pela vassalagem vem se registrando a graus elevados. Seu primeiro presidente, Santander, quando o país ainda chamava-se Nova Granada, praticou o primeiro gesto ao trair Bolívar e aliar-ser aos interesses da Inglaterra. Desde então, em sucessivos governos democráticos ou autoritários, o povo colombiano não tem encontrado guarida para suas demandas. Não foi à toa que surgiram as FARC e outros grupos revolucionários que têm como objetivo a criação de uma Colômbia democrático/popular, na qual todos possam ter uma vida digna. Porque, afinal, até hoje, a Colômbia não logrou sua verdadeira independência.

Desde 1948, depois do assassinato de Jorge Gaitán, um político que era capaz de ouvir o povo, o país foi mergulhado numa rede de violência que parece não ter fim. Mas, é bom que se diga: os maiores incentivadores deste estado de coisas são os governos que insistem em não incorporar as demandas populares à vida nacional. Assim, não bastasse já o caldo de terror provocado pelas insanas lutas entre os liberais e conservadores, que tem suas origens no traidor Santander, o povo colombiano precisa enfrentar a sanha opressora do império estadunidense que não quer ver na ponta noroeste da América do Sul mais um país fora de sua folha de pagamento. Daí a cortina de fumaça que espalha com sua famosa "guerra contra as drogas".

Por que combater as drogas

No livro Drogas, Terrorismo e Insurgência, o escritor equatoriano Manuel Salgado Tamayo, conta a origem desta "cruzada" estadunidense, o que mostra bem quais são os interesses que estão por trás de toda a "bondade" que aparece no discurso que conclama a luta contra as drogas. Tamayo conta que até o início do século 20 drogas como o ópio e a cocaína eram bastante utilizadas com fins medicinais. A cocaína, por exemplo, estava até na Coca Cola e era vendida legalmente como tônico revigorante. Foi por volta de 1903 que as autoridades começaram a associar as drogas às lutas das chamadas classes subalternas. Como não havia argumentos para reprimir a luta dos negros no sul dos EUA, que insistiam em lutar por coisas "absurdas" como direitos iguais aos dos brancos, chegou-se a conclusão de que eram os tônicos à base de cocaína que tornavam os negros muito rebeldes.

Além disso, as mulheres estadunidenses passaram a fazer sexo com os chineses imigrantes e isso, diziam as autoridades, só podia ser por conta do uso do ópio. Pois, afinal, que outro motivo levaria uma mulher branca, de boa família, a se deitar com um chinês? E também havia os mexicanos que começavam a ficar muito violentos. O motivo parecia óbvio: era o uso da marijuana. Nada a ver com as condições desumanas a que estavam submetidos os imigrantes ditos ilegais. E foi com base nestas premissas que começaram a ser criadas leis de criminalização destas drogas específicas. O álcool e o tabaco, por movimentarem uma indústria gigantesca e serem também consumidos pela classe dominante não sofreram muitas restrições.

Agora, na Colômbia, a história segue se repetindo. As lutas levadas adiante pelas Farc e outros grupos revolucionários no país não têm absolutamente nada a ver com a cocaína. Estes movimentos nasceram lá no início da década de 50, fruto da instabilidade e da violência gerados pelo próprio Estado. E mais, estes grupos têm a ousadia de reivindicarem idéias "muito ultrapassadas" como o socialismo, a participação popular, a reforma agrária enfim, um outro tipo de organização da vida.

O cultivo da coca, que para algumas famílias é a única possibilidade que sobra no meio de uma guerra sem fim, não tem a finalidade de drogar o mundo. Todo o processo de refino e transformação em droga fica a cargo de outras gentes, com outros sotaques, que movimentam rios de dinheiro os quais nunca são vistos pelos pobres camponeses colombianos acossados entre o estado, os paramilitares, os traficantes e a miséria.

Mas é justamente a cocaína o motivo que leva o governo colombiano a se associar com o governo dos Estados Unidos para "salvar" o mundo. O Plano Colômbia, nascido em 1998, durante a campanha presidencial de Andrés Pastrana, que visava uma negociação para a paz política acabou, pelas mãos de Bill Clinton, virando uma cruzada antidrogas, como se toda a problemática colombiana se resumisse a isso. Na verdade, o plano, arrumado pelos estadunidenses e sequer apreciado pelo congresso colombiano, só tinha uma preocupação: destruir o foco socialista que representavam as Farc e a ELN.

Os últimos fatos

Não é sem razão que a mídia cortesã insiste em divulgar aos quatro cantos a tese de que Farc e narcotráfico são a mesma coisa. É como o argumento de que os negros ficavam rebeldes por conta da cocaína, que os chineses seduziam as brancas por conta do ópio e os mexicanos ficavam violentos por causa da marijuana. Os motivos da guerra contra os pobres sempre são outros, ficam escondidos, e a grande massa vai absorvendo as mentiras. Não foi à toa que Hugo Chávez conclamou as Farc para que libertassem alguns reféns. Calejado nas artimanhas do império ele já deveria ter intuído que a CIA estava muito próxima de lograr uma vitória contra a guerrilha. Pois aí está.

Agora, o governo colombiano vai despejar no mundo, via mídia estadunidense, que é ele quem está "limpando" a Colômbia, que as Farc estão derrotadas, que não há mais a liderança de Marulanda, que tudo está fragilizado com mais esta vitória governamental. Logo, destruídas as FARC, o povo haverá de ter novamente a paz sonhada. De novo, as mentiras cobrem tudo com seu manto azul.

Jamais contarão ao mundo que as Farc e o ELN só nasceram por conta da violência do Estado contra as gentes, e que só seguem lutando porque esta violência segue crescendo. Para se ter uma idéia, o mal fadado plano Colômbia tem desalojado milhões de famílias ao longo destes anos, almas que vagam pelo território colombiano sem lugar, sem casa, sem terra, sem nada. O mesmo plano de libertação é o responsável pelas fumigações que destroem a terra, as plantações e a possibilidade de uma vida melhor para os camponeses.

A cortina de fumaça da libertação da ex-senadora vai alimentar a mídia por dias. Já falam até de eleições e de que ela pode vir a ser a sucessora de Uribe na presidência. Mais uma gerente do império. Nada mais do que "negócios". Enquanto isso, as gentes colombianas seguirão sendo a bucha de canhão de uma guerra que não querem. O tráfico de drogas é uma grande indústria, mais uma das grandes transnacionais que sugam a vida das gentes de Abya Yala, e ele permanecerá intocado enquanto o povo unido não enfrentar o verdadeiro monstro: o sistema capitalista e sua lógica de exploração e destruição. Esse é o inimigo a enfrentar porque, afinal, nós, os pobres, os negros, os chineses, os mexicanos e todos os demais "subalternos", não ficamos rebeldes por conta da cocaína, do ópio ou da marijuana. Nós ficamos rebeldes porque sabemos que uma outra sociedade pode ser construída, com solidariedade, com justiça e riquezas repartidas.
http://www.vermelho.org.br/base.asp?texto=39961

Luís Novaes Tito disse...

Já cá faltava o copy/paste mais esperado.

As caixas de comentários sem um copy/paste do vermelho.org.br nem são caixas de comentários, nem são nada.

Zé Paulo Gouvêa Lemos disse...

Barbeiro Luís,

Dá-me cá uma vontade de fazer um copy / paste "brasileiro" para contra argumentar com este último e mostrar como um dos maiores traficantes de cocaína do Brasil, e assassino frio e cruel, esteve acampado por bastante tempo com a Farc para poder fugir da justiça brasileira!!!
Mas esse tipo de anônimo é cego e surdo, só não é mudo, o que é uma pena...rsrsrsrsrsr...
Um abraço para si!
Zé Paulo

Anónimo disse...

«Não posso no entanto deixar de lamentar que o sistema de comentários do Apdeites V2, blog que leio sempre com gosto, obriguem a um pré-registo, porque me perece ser uma forte dissuasão a deixar lá opinião.» (LNT, 18.06.08)

«A "explicação" para o registo prévio está mais do que subentendida no comentário anterior. Se alguém quiser insultar-me, ao menos que isso lhe dê algum trabalhito.»(eu próprio, em comentário)

Bem, e a sequência desta caixa em particular também explica alguma coisa sobre "moderar" comentários ou não. No meu blog, "modero" não propriamente os comentários mas os... comentadores. Precisamente para que os comentadores lá deixem "opinião" e não mera confusão.