[0.092/2008]
À margem da ponte
O meu camarada Tomás Vasques esclarece que deixa a acusação de demagogia e populismo para Louçã.
Faz bem, o camarada.
Quando em 1978 se discutiu se o PS deveria passar a designar-se por Partido Social-democrata, Mário Soares, Tito de Morais, Salgado Zenha, António Arnault e muitos outros (entre eles os militantes do PS) decidiram que a coisa estava bem assim.
Partido Socialista era designação correcta e PS explicava bem ao que vínhamos.
Anos depois Edite Estrela e outros entenderam por bem que o punho fosse rosa e esteticamente diluído.
Ainda assim tudo bem. Tanto fazia, podia ser só uma questão de design político, coisa de estética e de marketing.
Mais anos depois, já muitos que se perfilavam tardiamente e gostariam de ter sido a origem, na revisão da Declaração de Princípios, ensaiaram a morte do socialismo democrático que é a razão da fundação do Partido Socialista português.
Levantaram-se vozes, ouviu-se o Partido e o Poeta. O preâmbulo foi corrigido e nele se introduziram as referências históricas do Partido Socialista, senão leia:
O PS convoca toda a sua história e todo o seu património para iluminar a acção presente. A luta contra o fascismo e o colonialismo, o ideal do “socialismo em liberdade” e a denúncia dos totalitarismos, a liderança na fundação e institucionalização da democracia representativa e pluralista e na sua consagração constitucional como uma democracia política, económica, social e cultural, o europeísmo, a causa do desenvolvimento solidário e sustentável e a combinação entre modernização e consciência social, todas estas opções estruturaram a evolução do PS, o seu enraizamento popular e a afirmação como um grande partido democrático.
São esses os Princípios que regem quem é militante. Não somos nós que estamos mal.
Se há que criar um novo Partido não serão os que construíram este que terão de o fazer.
Quanto ao parêntesis, meu estimado camarada, trata-se de um barrete e, como sabe, os barretes só são enfiados por quem tem cabeça para os enfiar. Os percursos de vida são o que curricularmente são e fazem prova de vida.
Já agora e para que não subsistam dúvidas, meu caro camarada Tomás Vasques:
Manuel Alegre não tem apoiantes dentro dos socialistas que estão convocados para o almoço de dia 9 de Fevereiro. O que ele tem são camaradas, gente que sabe muito bem o que quer e que estão com ele na tendência Socialista que não prescinde de existir.
Alegre pode ser um pólo indutor mas sabe, porque ele é um de nós, não ser um pólo de seguidismo.
LNT
Rastos:
-> Declaração de Pricípios do Partido Socialista
-> WebSite de Manuel Alegre
-> Hoje há Conquilhas, Amanhã não sabemos - A ponte é uma passagem para a outra margem.
-> a Barbearia do Sr. Luís - Pesadelos socratianos à moda do Conquilhas
-> Hoje há Conquilhas, Amanhã não sabemos - Sonhos bolivarianos à moda de Caracas
4 comentários:
Sócrates é tão socialista como Alegre, assim como os 80% de militantes que o escolheram. Formar tendências concerteza, têm toda a liberdade direito para isso, mas chamar-lhe "tendência socialista" é, no mínimo, ridículo. Então e os camaradas que não concordarem com essa tendência são o quê?
São o que eles quiserem, Clara.
Podem ser os sociais-democratas do PS, os liberais do PS, ou outra coisa qualquer como é reconhecido na Declaração de Princípios e nos Estatutos do Partido Socialista.
Já não seria a primeira vez que veria alguém do PS dizer-se social-democrata do PS. Nem isso me incomoda, nem acho "rídiculo" como você diz.
Socialista, social-democrata e trabalhista são sinónimos.
Os Socialistas sabem bem qual é a diferença.
Os Sociais-democratas também, mas fazem de conta que não entendem.
O Pedro Sá canta bem, mas não me alegra.
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